quinta-feira, dezembro 02, 2010

Insônia

Prisioneiros da noite e inimigos do dia, já estão cansados de terem de fazer tudo que são obrigados. Ficam entediados quando estão acordados e têm medo de dormir quando a noite chega. Pesadelos não os abandonam e o que seria um descanso deixa a mente fraca e dependente. Isso é exatamente como as coisas são.

A luz do dia é um tormento, machuca e machuca muito. O dia é um grande inimigo e a noite é um grande carrasco. O Sol queima sem dó e a Lua diz poder dar uma vida melhor àqueles seres amaldiçoados. No início, eles até acreditavam, mas agora tudo que fazem é sofrer mecanicamente ignorando todo e qualquer estímulo externo. Isso é exatamente como as coisas deveriam ser.

Prisioneiros, quando será que vão reagir? Será que conseguem viver quanto tempo nessas condições? É visível que já estão cansados e que querem se comunicar de forma mais aberta, porém, suas línguas não deixam as palavras serem formuladas. Sendo assim , não podem reclamar. Se bem que, vão reclamar do que? É tudo tão normal. Não há nada de estranho em viver rodeado por vulcões e miséria. Palavras e palavras, são muito fáceis de serem esquecidas. Isso é exatamente como um dia disseram que seria.

sábado, novembro 13, 2010

Voltando ao normal. Será???

Ele bem que sentiu que aquele dia seria diferente. Estava empolgado, animado para fazer o que quer que fosse. Sentia que era o começo de uma nova fase e teria que agir para que esta fosse bem diferente da anterior. Tudo por causa de que? Vai saber né? Mas se tá dando certo, que continue assim.

Estava voltando ao lugar de onde nunca deveria ter saído. Enfim aquela floresta tenebrosa estava ficando para trás e as terras calmas estavam ao seu alcance mais uma vez. Estava construindo um novo futuro, um bem diferente do que o desenhado anteriormente. Tudo por causa de que? Uma caneta e alguns papéis, quem sabe?

Havia cansado de toda aquela tristeza e sofrimento. Juntou as suas forças e chutou aquilo para bem longe. Por incrível que pareça, descobriu como fazê-lo de uma hora para outra, um pequeno tic depois de tanto tempo pensando. A atmosfera estava mais leve e aconchegante. Tudo por causa de que? Uma caneta, alguns papéis e uma pequena imaginação, quem sabe?

Agora, será que isso dura? Ah, qual é? Deixa esse pessimismo de lado e deixa rolar, não existe problema algum nisso. Se piorar de novo......... esquece, o cara tá feliz, não desanima ele agora. Deixa a felicidade fluir. E tudo isso por causa de que? Uma caneta, alguns papéis, uma pequena imaginação e uns certos amigos dos quais não consegue se separar, quem sabe? Ele sabe, que essa nova era comece.

quinta-feira, novembro 11, 2010

Hã? O que foi...... aquela coisa? [3]

Era inegável que aquele era o melhor lugar onde eu já havia colocado meus pés. Porém, o que é que foi aquela coisa? Senti que a resposta não estava muito longe. Então, vi uma grande quantidade de clarões no céu, exatamente como aquele que tinha visto há algum tempo. Estranho, muito estranho mesmo.

Sem prestar atenção, aquilo era apenas luz no céu. Depois, com um pouco mais de atenção, percebi que os contornos do rosto de meu mestre estavam sendo formados no céu. Nossa, eu devo tá ficando louco mesmo. Será que...

- Mestre - gritei aos céus- Mestre, pode me ouvir? Consegue me ouvir? - subi um pouco mais a montanha- Mestre, pode me ouvir agora? Essa não, é só coincidência, estou perdido de vez mesmo.

- Pequena criatura - era uma voz proveniente dos céus - tente se acalmar, estou aqui para te ajudar como sempre estive.

- Mestre!?

- Sim, não poderia deixá-lo sofrere assim sem que eu fizesse nada.

- Agradeço pela bondade senhor.

- Diga-me, o que tanto te incomoda?

- Sabe, desde antes de o senhor partir, sentia que eras o único que tinha a capacidade de me ajudar a tentar me reerguer. Após sua partida, isso ficou bem claro, não há nada ou ninguém que possa me fazer um pouquinho melhor que seja.

- Bem, você sabe que isso não é verdade. , sempre há pessoas com a capacidade de nos ajudar. Não seria simplesmente uma mudança de fase?

- Não. Não tem nada a ver com a mudança de estação. Acho que  estou ficando incompatível com este mundo.

- Mas não pode ficar assim, tens que se readaptar.

- Bom, essa é a questão da coisa. Eu não sei se quero me readaptar a essa nova realidade. Ela parece tão... tão... podre.

- Meu caro, toda realidade e um pouco podre. Algo me diz que você deve se readaptar a si mesmo.

- É uma pena que eu não me aguente. Às vezes, tudo que eu queria era uma arma para acabar logo com isso.

- Se tivesse uma arma, eu arranjaria um jeito de te impedir que fizesse algo.

- Seria uma boa ideia desarmar alguém com uma arma carregada?

- Talvez. Dependeria do propósito. Alguém, de qualquer forma, teria de fazer isso.

- Não há esse "alguém". Estou sozinho nesse mundo podre. Ninguém sequer notaria que parti.

- Não pode se rebaixar assim. Uma vida é sempre uma grande perda. Sendo irrelevante a natureza e/ou o estado desta.

Depois disso, não aguentei e dormi. Acordei no topo daquela montanha com uma certeza apenas: Ele voltou!! Algo parecia melhor. Seja bem vindo de volta Velho Mestre.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Hã? O que foi...... aquela coisa? [2]

Não nego que sempre tive medo daquela montanha, não o motivo exatamente.Talvez fossem os rumores de ser um lugar assombrado e as coisas que as pessoas dizem sobre o que não conhecem. Não sei, sei que alguma coisa naquela montanha parecia ser assustador.

Sozinho, curioso e cansado, fui rumo àquele sinal. Que que eu to fazendo? Deve ser só mais um fenômeno da natureza e não deve ter nada, absolutamente nada, lá. Mas quem se importa com isso? Não tem nada melhor pra fazer mesmo. É, mas tava batendo um sono............. Enfim, àquela hora, era bom que eu me apressasse um pouquinho. Já era tarde, bem tarde mesmo.

Naquele longo percurso, ia me enchendo de questionamentos e, à medida que estes cresciam, o caminho parecia ficar mais e mais complicado. Mas será possível? Até esse caminho é capaz de perceber o quão confusa está a minha mente. Se bem que isso é bem óbvio......... Não havia mais ninguém para me ajudar a organizá-la. Que saudades do mestre. Que sono que eu tava.

Depois de certo tempo naquele caminho torto e complicado, cheguei a origem daquele estranho sinal. Era um lugar com uma atmosfera incrível, muito aconchegante. Dava pra sentir que existia algo diferente ali. Talvez fosse disso que o povo tanto falava. A grande dúvida era: o que teria originado aquele sinal estranho? Nossa, que sono era aquele que eu tava?

domingo, outubro 24, 2010

Hã? O que foi...... aquela coisa?

Será que tudo aquilo era apenas saudade do meu velho mestre? Aquela vontade de saber as coisas que aconteceram com ele, conhecer a fundo as histórias da vida dele. Penã não poder simplesmente perguntar a ele. Por que é tão difícil superar sua partida? Ah, o dia já tá acabando, é melhor ir dormir um pouco.

Deito na cama e lá tento esquecer o dia estressante, chato, triste, tedioso e depressivo, assim como vem sendo todos eles. Uma exceção de vez em quando pode até ser bom. Será mesmo? Pode haver algum choque. É, mas o choque pode melhorar um pouco as coisas. Não conseguia dormir (sério!? conta uma novidade por favor) e, por causa disso, fiquei rolando na cama durante horas. Chega, desisto. Vou caminhar um pouco por aí. Velho mestre, por que? Entristecedor saber que não mais me ouve.

Às vezes, acho que não é bom pensar tanto naquele dia. É inconsciente, esquece isso. E pensar que tudo que eu queria era um atalho. Este caminho é tão extenso e desagradável. Há trevas em todos os lugares, não dá pra saber quanto falta para sair daqui. Grande Ancião, diga-me o por que disso. Mas, pra que recorrer tanto a ele? Simples, ele era a mão que me conduzia rumo a luz, a verdadeira.

Ah! Velho Tigre, perdoe-me por ser fraco, peço perdão por não ter correspondido às suas expectativas. Peço desculpas por ter sido a sua última perda de tempo. Ei!!! Espera, o que é aquilo na montanha? Não pode ser. Será mesmo? Por que ficar me iludindo? É claro que não é. Mesmo assim, não custa nada ir até lá checar.

domingo, outubro 17, 2010

Lamentos/ Carta ao Tigre

Ó Grande Tigre que nos céus repousa, não sabes como fazes falta neste mundo vazio e gelado. Será que tens alguma noção da saudade que teus conhecimentos me deixaram? Por mais que minha atenção não fosse a necessária, vejo agora que tolo fui. Como pôde tamanha sabedoria ser simplesmente ignorada por minha pequena cabeça?

Ó Lendário Sábio que nas terras descansa, espero que possa perdoar uma pobre alma ignorante que mais se preocupava em seguir suas próprias convicções a tentar entender palavras tão magistrais como as tuas sempre foram. Não tens idéia da falta que meu pequeno coração tem daqueles agradáveis conselhos teus. Por que tu tiveste de ir embora tão cedo mestre? Sei que disseste para me adaptar a essa realidade, mas como posso fazê-lo se, a cada passo por mim dado, a aplicação de seus conhecimentos, de todas as maneiras possíveis, é vista? Como pôde tamanha sabedoria ser ignorada por esse meu pequeno cérebro?

Ó Remestre dos Anciães que na minha mente dorme, percebo, neste pequeno arrependimento, a dor que é não valorizar algo enquanto estamos ao seu alcance. Do sofrimento que estou passando agora, mesmo com toda a tua experiência, não tens sequer noção. Minha vida depois que partiste é isso, arrependimentos atrás de arrependimentos. Sabes que não é muito fácil carregar um peso com estas proporções nas costas. Assim encerro este pequeno lamento, deixando bem claro um fato: Saibas que, não vejo a hora de morrer para poder me juntar a ti mais uma vez. Quem sabe o peso da morte não anularia os outros? Adeus, Sábio Tigre Ancião

segunda-feira, agosto 02, 2010

A queda de um tigre, o abandono de uma distração.

Era um dia bonito. Céu azul, pássaros cantando em todas as direções e eu tinha acordado com uma disposição bastante rara nos últimos tempos. Levantei-me da cama, fiz o que todos fazem antes de sair de casa e fui procurar o meu conselheiro, o famoso tigre de bengala velho, também conhecido como Tigre Ancião. Saí de casa com a felicidade que não me acompanhava há muito tempo. Estava tudo realmente muito bom, era um dia realmente muito alegre, um desses bem raros de se ver.

Eu estava até estranhando aquela felicidade toda, realmente algo muito estranho num passado recente. Claro que eu estava gostando mas não deixava de ser um acontecimento estranho. E lá estava eu caminhando rumo ao lar de meu conselheiro e amigo. A medida que ia me aproximando, as coisas pareciam mais tristes, pareciam sentir falta de alguma coisa bem importante, alguma coisa que lhes dava uma razão de existir e ser daquela maneira. Bem que tava demorando, tava tudo voltando ao normal assim, o costume não vai embora e o começo do dia foi só pra confundir minha cabeça. Eita maldita confusão boa que só. Enfim...

Até que enfim cheguei no querido lar do meu grande amigo. Onde ele está? O jeito é procurar né?!! Deve estar meditando em algum lugar. Vamo lá? Bora. E depois dessa intimação eu decidi ir, mesmo com a preguiça que tava batendo. É o jeito, um dia não é um dia sem um conselho básico daquele velho tigre oriundo de terras asiáticas. Aquele belo lar estava com um aspecto tão pra baixo. Tá me lembrando até..........eu. Não, não eu to tentando ser feliz agora chega de tristeza. Poxa pena que ela não vai embora. AAAAAA esquece disso e vamo procurar o tigre.

Cheguei numa sala e lá estava ele, estático e mudo. Soltei um baixo e tímido “oi”. Mas vc ta louco, não ta vendo que ele ta ocupado? To mas... Esquece isso, daqui a pouco vc fala com ele. Então decidi ir embora de fininho. Foi nessa hora que ele olhou pra mim e me disse para não ir embora. Disse para que eu sentasse ao seu lado e meditasse junto com ele. Ahhhhh! Que sensação agradável. Mas por que a tristeza em todas as partes daquele lugar outrora tão alegre? Eita ferro, será que é conveniente perguntar?? AAAAAA maldita dúvida. Relaxar, relaxar, é tudo que eu tinha que fazer.

- Então Léo, o que veio fazer aqui? Mais um conselho?

- Sim, não posso começar meu dia sem ele.

- Ai Léo, não pode viver com essa mente limitada, até porque não ficarei vivo por muito tempo terá que se acostumar a viver sem meus conselhos

- Ah mestre, creio que você ainda tem uma longa vida, me acostumo com isso aos poucos.




- Eu bem queria que fosse assim, minha vida está perto de acabar não aguento mais tanto tempo como imagina. Mas o que posso te dizer hoje é que você enxerga melhor que eu.

Depois disso um grande silencio dominou aquele velho, agradável e triste aposento. Muito estranho, estranho mesmo. Ixi, aquela agradável e relaxante sensação foi embora. Tensão e mais tensão. Continuei meditando de qualquer jeito, relaxar e relaxar. Mas como relaxar? Não dá, não dá mesmo. E agora que meu mestre não fala mais nada. Confusão, maldita confusão. Decidi então abrir os olhos um pouco.

Vi um idoso tigre sofrendo para respirar, dava pra sentir a força que seu coração fazia para continuar batendo. Ai ai, Não tá nada bem aqui. Tá ruim coisa. Fecho o olho de novo? Que nada. Mantive os olhos abertos até que vi a foice dela chegando. Ah não, mas já tá na hora mesmo? Sim sim, estava. Assim, o velho tigre se deitou.

- Léo, minha hora chegou. Não quero que fique triste. Siga sua vida normalmente e lembre-se que você sempre enxergou melhor que eu.

E sem resistência alguma, o velho mestre foi levado. Mas que papo era esse de enxergar melhor do que ele? Poxa, realmente não entendi o último conselho dele. Pelo menos eu consegui entender a tristeza toda daquele lugar. Tudo ali sabia que a hora do tigre chegaria naquele dia. E lá estava eu, triste , inconsolável. Sim, eu sei que ele falou pra eu não ficar triste mas eu vou fazer o que? Toda aquela alegria do dia virou tristeza de uma hora pra outra. De hoje em diante, que que eu vou fazer se não tenho mais de quem ouvir meus conselhos diários?

O jeito é seguir com isso que eu tenho chamado de vida. Mas e o blog? Se tudo era inspirado no que ele me dizia o que eu vou fazer com ele? Poxa não há outra alternativa se não deixa-lo de lado agora. Só desabafava nele mesmo pra ver se me sentia melhor. Agora que o mestre está em seu descanso eterno, arranjarei outro jeito de desabafar e também, eu nunca me senti melhor escrevendo essas coisas mesmo. Tristeza, maldita tristeza. Esta que povoa meu lado esquerdo do peito há tanto tempo. Onde está a alegria do começo daquele dia? Faz o seguinte: quando decidir aparecer, tenta ficar por um tempo um pouco considerável.



E assim, eu declaro encerrado a curta vida do Tigre Ancião, o Blog criado depois que recebi conselhos de um tigre enquanto caminhava por aí pelas ruas de Brasília.

Até a próxima.

sábado, julho 10, 2010

O mundo de Jonny [6]: A Torre da Covardia e a despedida.

E lá estávamos rumo aquela construção torta, diferente de qualquer contrução que ja tinha visto. Dava pra perceber que os espíritos que faziam aquele belo espetáculo no céu, quando chegavam perto daquela espécie de torre, ficavam desordenados e, devido a isso, a combinação de luzes perto do topo daquele edifício era bastante confusa, mais do que o usual.

Quando chegamos mais perto, percebi que muita coisa saía daquela torre e passava a constituir a paisagem daquele mundo. Depois de ver isso, entendi o motivo das paisagens mudarem tão radicalmente tão de repente.

- Jonny, o que é essa torre aí?
- Não sei ao certo acredito que todo esse mundo surgiu a partir daí. Muitas coisas que constituem esse mundo saem daí. E não dá pra entender a lógica das escolhas dessa torre.
- E como é que vocês chamam essa torre?
- Muitos chamam de torre da covardia.
- Por que um nome tão... tão... sei lá, negativo?
- Simples, a torre faz o que ela quiser com nosso mundo, nada nem ninguém pode fazer alguma coisa para impedi-la de fazer algo negativo. Devido a isso, muitas de nossas paisagens foram dizimadas. Creio que não deve demorar muito para a floresta de vagalumes sumir também.
- E a planície de sonhos perdidos?
- A planície eu não sei. Ela parece ser um pouco diferente, enquanto existirem pessoas que sofram por causa dos sonhos e pesadelos, acho que a torre não deve destruí-la.
- E existe alguém ou algo que controla a vontade e as ações da torre?
- Existe sim. Costumam chamá-los de sonhadores covardes. Acho esse nome impróprio porque a maioria dos controladores da torre a controlam sem saber o que estão fazendo
- Então, quase tudo aqui foi formado de maneira inconsciente?
- Sim, Léo. Esse mundo foi formado por sonhos e pesadelos originados por seres de outros mundos e ninguém tem controle sobre o que sonha. Esse é um dos motivos de paisagens tão belas estarem em contraste com algumas tão medonhas. Belas paisagens provém de sonhos que refletem a felicidade dos sonhadores, as outras devem ser reflexos de pesadelos. Todos esses sentimentos presentesnos sonhos, passam para esse mundo através da torre.
- Nossa, não tinha pensado nisso. e a gente vai entrar na torre ou não?
- Tem certeza? Podem existir surpresas desagradáveis.
- Não importa - disse enquanto estava entrando.
- Calma Léo - falou enquanto me acompanhava porta adentro.
-  Eita Jonny, tá escuro demais aqui - bastou falar para que as luzes se acendessem sozinhas.
- Pronto, agora deve dar pra ver alguma coisa.
- Então vamos.

Começamos a andar na torre procurando coisas que nem queríamos achar, coisas que não tínhamos certeza da existência. Era perceptível que aquela era a primeira vez de Jonny dentro da torre. A torre era um grande vazio, todos os compartimentos estavam vazios e quase todos não eram divididos por portas ou algo parecido. Quando chegamos no que parecia ser o último andar, havia uma espécie de cômodo com uma porta meio estranha. (Acho que a única porta fora a da entrada)

- E aí Jonny, entramos ou não?
- Léo, eu não subi uns 200 andares pra parar por aqui.
- Tá certo então - disse abrindo a porta - Poxa Jonny, não tem nada aqui assim como em todos os outros lugares.
- Não, não. Aqui tem uma quantidade considerável de espelhos.
- Bem verdade, mas presta atenção nos reflexos.
- Que que tem?
- Jonny, você não aparece nos reflexos.
- Putz, é mesmo. Será que isso quer dizer alguma coisa
- Talvez esses reflexos estejam dizendo que eu sou um desses sonhadores covardes, um desses controladores da Torre da Covardia, um dos responsáveis por dizimar algumas paisagens de tempos em tempos.
- Ei Léo, não desanima. Se quiser sair daqui...
- É melhor né Jonny.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
- Pronto Léo, já tamo fora dessa torre.
- Jonny, acho que você não entendeu. Eu quero ir embora desse mundo.
- Ei calma aí. Só por causa da torre?
- Talvez. Nao me sinto bem aqui sabendo que causo mudanças tão radicais pros seres que aqui vivem.
- É o que realmente quer? Ainda existem alguns lugares onde podemos ir.
- Não Jonny, é melhor voltar pra casa. Chega de me esconder num mundo tão irreal assim, um mundo tão influenciado por sonhos e pesadelos.
- Mas Léo, não é tão ruim assim...
- Jonny, sério mesmo, tá na hora de eu encarar a realidade. Mesmo esta sendo tão cruel e muitas vezes destrua tudo com o que sonhamos e faça com que nossas esperanças morram. Tá na hora de aceitar todo esse sofrimento e começar a torcer para que as coisas mudem pra melhor no meu mundo. E fica sabendo, desde já peço desculpas pelo que posso vir a fazer com seu mundo.
- Tá bem Léo, de volta a realidade.

Não sei o que jonny fez, lembro que o ultimo movimento dele foi um estalo de dedos e então, me vi deitado em minha cama sozinho. " Foi um sonho? Mas que sonho mais real foi esse?" talvez fosse hora de saber que os sonhos também podem ser cruéis, assim como nossa realidade costuma ser muitas vezes.

Decidi me levantar e procurar o Jonny. Não demorou muito para que eu o encontrasse. Ele estava lá no lugar preferido dele, sentado, olhando para o horizonte, imaginando coisas como sempre faz

- E então Léo, como você tá?
- Um pouco estranho.
- Acontece mesmo. Quase ninguém se sente normal depois de enfrentar um choque tão grande entre o imaginário e o real.
- Então quer dizer que não foi um sonho apenas?
- Não sei, pareceu um sonho pra você?
- Não muito.
- Afinal, quais são os limites entre o mundo real e o mundo dos sonhos? Ninguém pode explicar e, talvez por isso, não sabemos se foi sonho ou realidade.
- É né Jonny. Pode ter um certo sentido isso.
- Ah Léo, esquece isso e senta aí.
- Tá certo

E lá ficamos durante horas, falando besteiras, sem se importar muito com o que acontece, afinal, é isso que bons amigos devem fazer, ou eu estou errado?

sexta-feira, julho 09, 2010

O mundo de Jonny [5]: As emoções no mundo de Jonny

E lá estava eu, sozinho e um pouco desesperado. Não havia sinal algum de Jonny. Decidi, então, tentar achar uma saída sozinho mesmo. Aquele era, sem dúvida alguma, o lugar mais estranho de todos. Não havia luz nem sinal de vida por perto, o chão era completamente branco, sem imperfeição alguma, não sei se podia chamar aquilo de céu, mas era completamente branco também. Tudo, tudo mesmo, era branco. Não dava nem pra ter uma noção de que horas eram.

O que fazer? Ficar parado não iria levar a nada, então decidi começar a caminhar. Estava dando passos lentos para ter mais tempo para tentar entender aquela coisa. Após algum tempo, comecei a ouvir sonsde pouca intensidade e decidi ir em direção a eles. Pensei que estava indo ao encontro de algumas pessoas e iria, finalmente, saber como sair dali. De repente, bati em uma espécie de barreira invísivel, uma espécie de vidro. Do outro lado do ''vidro'' conseguia ver uns seres de tamanho razoável, uns maiores que outros.

Fiquei um bom tempo observando-os até que perdi a paciênciae comecei a dar socos no ''vidro''. Percebi que, à medida que dava socos no vidro, um dos seres lá do outro ladocomeçava a crescer. Continuou crescendo até que chegou a uma escala gigantesca. Confesso que naquele momento me assustei bastante e, devido ao medo, me acalmei um pouco e parei de socar aquela barreira.

- É fascinante como podemos nos assustar com nossas próprias personalidades não?
- Jonny? - eu disse olhando para o lado- Pera um pouco, você não é o Jonny, você é... é... é... você... sou eu?
- Sim, sim. Por isso acho que não preciso me apresentar. Acho que você já se/me conhece.
- Hmmmmm, acho que sim.
- Então, o que faz aqui?
- Não sei ao certo, sei que estava com Jonny, caí num buraco e vim parar aqui. Estou procurando um jeito de sair daqui.
-Se quer sair daqui, por que tá aqui parado nesse negócio aqui?
- Nâo sei dizer, ouvi alguns sons vindos daqui e decidi segui-los. Então, devido a um momente de raiva e desespero, comecei a socar esse "vidro" e parei devido ao medo daquela coisa.
- Aquela ''coisa'' ali é a sua/nossa raiva, todos ali do outro lado representam suas/nossas emoções. quando a raiva dentro de você cresceu, a raiva lá dentro fez o mesmo.
- Agora faz um pouco de sentido
- E outra, interpretando o que eu to vendo por ali, as coisas não vão muito bem com a gente.
- Mas o que exatamente é que você tá vendo?
- Não me pergunte, apenas sinta e você poderá saber.

Fiquei um pouco tempo pensando até que vi muita coisa se desfazendo e vi Jonny me dando uns tapinhas no rosto:
- Ei Léo, acorda.
- Hmmm, que que aconteceu?
- Nada, você só bateu a cabeça e desmaiou.
- E onde é que a gente tá?
- Na floresta de vagalumes ainda. Estamos quase na saída.

Jonny me levou nas costas até a saída da floresta. Terminada a travessia da floresta, vi uma construção de proporções inacreditáveis ao longe. Estávamos indo em direção a ela. E lá estávamos................................

quinta-feira, julho 08, 2010

O mundo de Jonny [4]: A Floresta de Vagalumes.

E lá estávamos, caminhando rumo à forte luz que se destacava no horizonte. De longe, dava pra perceber que as luzes se alternavam, como em um enfeite de Natal. à medida que nos aproximávamos essa alternância ficava menos perceptível aos olhos.

- Jonny, que luz forte é aquela?
- É um dos lugares mais belos daqui. Aquela é a Floresta de Vagalumes. Ninguém sabe o motivo de tantos vagalumes formarem uma espécie de colônia e tudo ficar daquele jeito.
- Realmente, é muito bonito.
-  Toma cuidado quando entrar. O que tem de bonito tem de perigoso.


Depois desse aviso, entramos. Tudo dentro daquele lugar era bonito. Não era mais possível perceber a alternância entre as luzes e manter os olhos abertos era um pouco difícil. Era muito difícil acompanhar o Jonny com os olhos meio abertos.

- Ei Jonny, vai um pouco mais devagar aí.

Jonny não disse uma palavra sequer. Pouco depois, Jonny sumiu diante dos meus olhos. Era tudo uma ilusão. Decidi seguir algumas coisas que pareciam ser setas formadas pelo vagalumes para tentar encontrar a saída. Não dava pra distinguir aquelas formas direito e isso fazia com que seguir aquelas "setas" fosse um pouco complicado. Qual não é minha surpresa quando caio num buraco. Malditos Vagalumes.

Estava sozinho, havia perdido Jonny de vista. Percebi que fui parar num lugar completamente novo. Um pouco sem graça é verdade. Era meio estranho, todo ele era branco e sem aquelas luzes da floresta. Não havia nada, sinceramente nada, naquele lugar. Enfim, lá estava eu.....................

quarta-feira, julho 07, 2010

O mundo de Jonny [3]: A planície de sonhos perdidos.


... E lá estávamos, caminhando em um lugar aparentemente longe de tudo. Estávamos no meio de uma planície meio estranha. Algumas coisas mudavam de aparência sem que existisse alguma razão aparente. Com uma freqüência até razoável, surgiam alguma ilusões que faziam com que a distinção entre real e fantasioso fosse praticamente impossível.
- Jonny, que coisa estranha, de onde surgem essas ilusões todas?
- Não sei ao certo. Algumas pessoas dizem que são alguns espíritos que não vão compor aquele show de luzes do céu e querem confundir quem passa por aqui. Eu, particularmente, acho que as ilusões brotam de nossas cabeças. Percebe que a maior parte delas representa algo em que você está pensando ou já sonhou.
- Hmmm, não tinha percebido isso mas agora que você falou... Outra coisa, existe algum motivo para a maioria delas sumirem tão rapidamente?
- Bom , se elas somem rapidamente, eu acredito que seja algo que já desistimos de realizar. Sabendo que a maioria das coisas que você está vendo estão sumindo rapidamente, concluo que você não anda muito otimista e já desistiu de quase todos os seus sonhos e pensamentos.
- É Jonny, pode até ser que você esteja certo. Enfim, voltando as ilusões, você vê as mesmas que eu?
- Não, todos que passam por aqui vêem coisas diferentes. Cada um vê seus próprios sonhos e pensamentos e a maioria, assim como eu e você, vê a maioria das ilusões rapidamente.
- Então, a maioria das pessoas que passam por aqui são pessimistas em relação aos sonhos. Jonny, o que você costuma ver que não some com essa velocidade tão alta?
- Ultimamente, vejo um garoto que arranca o próprio coração do peito, um grupo de pessoas que eu acho que conheço mas eles formam um círculo e não me deixam entrar, algumas visões
mostram pessoas de luto e, com uma freqüência até alta, uma garota que faz de conta que eu não existo. E você?
- Tenho visto apenas uma visão de mim mesmo correndo atrás de um grupo de pessoas. Não sei exatamente o que significa.

Assim que terminei de falar, chegamos ao fim da planície e todas as ilusões pareceram se juntar e entrar em nossas cabeças. Seguimos andando até que avistamos uma luz muito forte no horizonte. Não sei para onde Jonny estava me levando mas sei que estávamos indo em direção aquela luz estranha no meio do nada.

sábado, junho 26, 2010

O mundo de Jonny [2]: Que desagradável.


E lá estava eu, deslumbrado com tamanha beleza. Parecia até que eu estava imaginando tudo aquilo. Estávamos caminhando e conversando:
- Jonny, por que nunca me trouxe aqui?
- Sei lá. Talvez não fosse a hora e também tinha medo de que não gostasse.
- Como não gostar? Esse lugar é perfeito!!
- Olhando sem prestar atenção, este é realmente um mundo perfeito e sem defeitos.Porém, dê uma segunda olhada em nossos corpos e veja como é incômodo.

Olhei atentamente para minhas mãos e percebi uma coisa bastante estranha. Acima de minhas mãos havia algo transparente, como se o espírito estivese querendo sair de meu corpo.
- Jonny, parece que minha alma vai sair do meu corpo.
- Parece que vai ou tá saindo?
- Putz, que coisa mais estranha. Pra que uma coisa dessa?
- Sinceramente, não sei. Sei que viver desse jeito é muito incômodo. Acada segundo que passa, parte de nossos espíritos se solta do corpo, parece que esse mundo quer nos lembrar a todo instante que estamos envelhecendo e ficando mais perto de morrer.
- Mas que merda. Deve ser péssimo viver assim a todo momento.
- É muito ruim mesmo. Esse é um dos motivos que me fazem gostar tanto do mundo onde você vive.
- E esses pedaços de espíritos, que fim eles tem?
- Tá vendo aquele show de luzes no céu? Percebe que aquilo é a junção de vários espíritos distintos. É desagradável vê-los saindo mas o que eles formam é muito belo.
- To vendo. E mudando um pouco de assunto, onde a gente tá indo mesmo.
- A vamos caminhar por aí, assim você conhece um pouco mais esse lugar aqui.

E assim fomos caminhando sem rumo naquele novo, desagradável e lindo lugar. Estava indo em direção a um nada, um desconhecido. Pelo menos assim fui vendo como era aquele novo mundo. Ver aqueles espíritos subindo era sensacional mas o preço de ter aquela beleza de céu me pareceu caro demais. Enfim, e lá estávamos...

segunda-feira, maio 31, 2010

O mundo de Jonny [1]: Onde que eu to mesmo?

Até que estava sendo uma tarde boa mas estava faltando alguma coisa. Estávamos eu e Jonny jogando um futebol daqueles bem feras. Jonny estava feliz como há muito tempo não o via e, por causa disso, eu também me sentia bastante bem. Depois de um tempinho o futebol acabou e fomos para minha humilde residência. Bebemos água e Jonny foi para a janela e ficou olhando para o nada.
- Ei Jonny - disse dando-lhe um leve tapa nas costas - Aonde você vai agora?
- Aonde vou não, aonde vamos. Se arruma aí que a gente já vai.
Decidi não questioná-lo e fiz logo o que ele me pediu. Me arrumei e logo em seguida saímos de casa. Fomos caminhando e caminhando e o maldito lugar não chegava.
- Jonny, seu louco, onde é que você tá me levando
- Calma, calma. Já tamo quase chegando.

Depois que ele disse isso, caminhamos mais quarenta minutos e nada de chegar.
- Jonny, tem certeza que é por aqui?
- Léo, fica quieto aí que é bem ali na frente.E lá se foram mais vinte minutos caminhando até que chegamos num gramado completamente deserto. Não importava pra onde eu olhava, não conseguia ver nada nem ninguém. Olhei para Jonny e ele estava de olhos fechados respirando bem fundo.
-Léo, é aqui mesmo.
- Porra Jonny, num tem nada aqui ¬¬'.
-Relaxa Léo. Deita aí e dá uma olhada pro céu.

Deitamos e ficamos lá perdendo tempo. Como eu tinha dormido mal na noite anterior, não demorou muito para que o sono me pegasse. Não sei quanto tempo eu fiquei lá dormindo sei que acordei enquanto Jonny dava umas cutucadas no meu braço esquerdo.
-Levanta Léo. Isso lá é hora de ficar dormindo?
- Tá bem Jonny.

Levantei e olhei em volta. Não sei que porra foi que ele fez, mas estávamos num lugar completamente diferente. Aquele gramado sem vida não estava normal. Olhei para o céu de novo e ele não estava do mesmo jeito. Haviam luzes de várias cores numa harmonia completamente perfeita. A paisagem era muito bela. Era tudo muito perfeito, capaz de fazer com que os mais pessimistas e tristes se tornassem felizes e otimistas de uma hora pra outra. Capaz de fazer com que aqueles que tem vontade de tirar a própria vida fiquem com uma vontade de preservá-la absurda.
- Jonny, que lugar é esse?
- Léo, Seja bem vindo.
- Bem vindo? Onde exatamente estamos?
- Léo, está prestes a conhecer um novo lugar, um novo mundo. Esse, é o meu lugar, é o meu mundo.

quarta-feira, maio 12, 2010

O minguar de esperanças e sonhos.

Não era um dia normal, um sentimento estranho rondava seu coração e sua alma. Os cheiros do ambiente traziam más lembranças de coisas que nunca aconteceram. O vento, que outrora soprava uma bela e ótima vida, agora parece tirar a vida de tudo que o toca. Tudo ao redor parece estar morto e sem graça. Como podia sentir aquilo se estava em um lugar tão familiar que sempre foi considerado bom para ele? E por que seus sonhos minguam com o passar dos dias?

E nessas idas e vindas de lembranças e sonhos, seu universo encolhe cada vez mais. Não há mais espaços para lembranças e esperanças inúteis. Mas por que sentir isso? O que seria isso? Isso nada mais é que o desaparecimento de coisas nas quais acreditava. São coisas boas sumindo e coisas ruins se multiplicando. Isso nada mais é que o minguar de uma esperança nunca usada, o minguar de sonhos cada vez mais impossíveis. É, apenas, o minguar de um coração que já está cansado de lutar.

segunda-feira, maio 10, 2010

Tão cedo?


- Que sensação estranha é essa? Sei que já a vi por aqui mas estou achando esquisito, está tudo como se esta fosse a primeira vez.
- Olhe para ela com cuidado, quem sabe já a conhece mas não a está reconhecendo.

- Pode ser....... Mas não deixa de ser estranho

- Deixe me vê-la. Essa não seria a alegria?

- Não mesmo. Perceba, ela não tem o mesmo semblante agradável que a alegria tem. Sem contar que a alegria não aparece por aqui há um bom tempo, não apareceria assim de repente.

- Isso é bem verdade. Seria o ódio?

- Acho difícil. Mesmo o ódio tendo passado por aqui recentemente, dê uma segunda olhada e preste atenção. O ódio não consegue se controlar, e ela está ali quieta como uma estátua.

- Bem observado. Quem sabe não é o amor?

- O amor, com certeza, não é. Além de ser um pouco descontrolado, foi embora e disse que, provavelmente, irá demorar bastante para retornar.
- Hmmmmmm, acho que teremos que chegar mais perto se realmente queremos saber de quem se trata.

- É a única maneira

- Nossa, confesso que estou um pouco amedrontado.

- Eu também estou. À medida que chegamos perto, meu corpo treme mais e mais. Mas tenho que saber de quem se trata mesmo assim.
Chegaram perto e viram o que não queriam. Estava usando um sobretudo preto, segurando algo em sua mão direita e olhava para eles com um olhar tão fixo que chegava a ser assustador.

- Nossa, o que é aquilo que está segurando?

- Não sei ao certo. Sei que tem o mesmo formato de uma foice.

- Uma foice!?!? Será ela a...

- Muito provável, mas por que esse olhar tão fixo?

- Será que já está na hora?
- Talvez.......................... Veja, estendeu a mão. Sem dúvida, está nos chamando.

- Não quero ir mas é tão difícil ignorar o chamado.

- Realmente, não há como recusá-lo.

- É inevitável, teremos que ir e deixar coisas para trás.

-Sim, sim.

- Sabe o que tem lá atrás e estamos deixando?
- Alguns sentimentos tolos e fúteis e uma meia dúzia de falsos amigos que não irão notar que partimos.

E lá se foram, rumo ao destino que os esperava, sem resistência alguma. Apenas foram em direção àquele olhar tão fixo como jamais viram. E alguém se importa?

sexta-feira, abril 23, 2010

Da série: "As histórias de Jonny" [3]

Era um dia um pouco estranho. O céu não estava como costuma estar, sentia que todos o olhavam como nunca fazem, sentia um vazio no peito, como se ele pudesse rasgar a qualquer momento o que ocasionaria uma morte praticamente instântanea. Bom, morrer a essa altur não parece ser uma ideia ruim, pelo menos todos os problemas passariam.


-Léo - disse Jonny- Eu realmente não sei o que fazer. Esses problemas não me deixam em paz, me perseguem nao importa o que esteja acontecendo, não cedem de jeito nenhum. Já tentei fazer tudo que eu posso e eles não vão embora.
-Mas Jonny - respondi - As coisas são assim mesmo, uma hora isso melhora, apenas não se deixe abater.
-Tarde demais Léo. Já to assim há tanto tempo que minhas forças acabaram já há algum tempo. Ultimamente, até em suicídio tenho pensado,eu morreria claro, mas pelo menos tudo isso passaria.
-Jonny, não pensa nisso, tira essa ideia da sua cabeça. Prefere morrer a resolver seus problemas? Enfrente-os, não seja covarde a esse ponto.
-Léo, você não sabe o que que você tá falando. Não sabe como é se sentir mal há quase um ano. E a cada dia que passa as coisas pioram e pioram e pioram cada vez mais. E quando tudo está péssimo a tal ponto que nada pode piorar, acontece alguma coisa e elas pioram. Não aguento mais viver essa vida fútil e sem alegrias.
-Jonny, esquece esses momentos ruins, pensa em seus momentos bons pra você se distrair um pouco.
-Léo, eu até que tento. Acontece que esses bons momentos parecem tão distantes que não me vem a cabeça. Não sei o que faço. A única coisa que realmente está me impedindo de fazer tal coisa é...

Algo aconteceu com Jonny e ele foi embora de repente, me deixou ali, estático, olhando para o céu e pensando na situação dele. De uns tempos pra cá, sempre soube que Jonny não estava bem mas nunca achei que ele pensasse em se matar. Sempre pensei que ele nunca fosse capaz de uma coisa dessas, uma coisa tão radical como é o suicídio. Se as coisas realmente estão ruins como ele diz, acredito que ele possa ser capaz de algo do tipo.

Jonny nunca foi muito forte. Não sei se ele pode aguentar conviver com isso por muito tempo. Infelizmente, não existe nada que eu possa fazer para ele melhorar, apenas torcer para isso e que os dias melhorem e seus problemas sejam resolvidos. FORÇA JONNY

segunda-feira, abril 19, 2010

Três anos...


Foi em 2006, mês de novembro, dia que eu não me recordo. Foi um dos melhores dias da vida sem dúvida alguma, quem sabe até o melhor. E foi nesse dia que começou um romance quase que tão bonito como são os romances fictícios. Nesse dia que os três mais felizes anos da vida começaram. Como foi bela aquela madrugada, como é inesquecível a madrugada em que tudo começou.

E aquela foi A MADRUGADA. Que sentimento indescritível, que sensação maravilhosa, que beijo foi aquele, que início perfeito. Foi sem dúvida a mais perfeita das madrugadas, a mais estrelada delas, mesmo que as estrelas não tenham tido muita importância.

E lá se foram três anos. Os melhores três anos já vividos, três anos que não mais voltarão, três anos que não terão anos a altura. Três anos ao lado da pessoa que mais ama e amará. Três anos totalmente sensacionais. Claro que existem altos e baixos, mas os baixos nem se comparam aos altos. Três anos...

E passam os três anos. Algo não está bem. O que aconteceu? Os momentos juntos não eram mais como antes, algo está claramente mal. Seria esse o término? Infelizmente, existem coisas na vida que parecem ser inevitáveis.

E os três anos terminam. Mas que merda. Não importa o que foi feito para tentar evitar o fim, nada dava certo, tudo parecia, e foi, inútil. É o fim. Agora o mundo parece cair em sua cabeça. Parece até mesmo que certas palavras desequilibram Atlas. O céu simplesmente desaba em cima de um frágil coração que está confuso.

E o tempo passa e isso não deixa a mente de um apaixonado. O tempo passa e o sofrimento continua, como se tudo tivesse acontecido ontem. O sofrimento não passa e e ela não sai da cabeça. Que dor maligna que insiste em permanecer no peito. Parece que o tempo não tem a capacidade de destruir essa dor e deixar que o coração fragil se fortaleça.

E os dias passam e os sinais de melhora não aparecem. Ela já ficou bem. Mas como pode ser possivel que três anos sejam esquecidos tão depressa? A seguinte questão surge na cabeça: ela realmente amava o tanto quanto dizia? Uma pergunta muito perturbadora que não deixa ninguém em paz.

Haverá uma recuperação? Será que existe a possibilidade de esquecê-la? Será que surgirá outra que fará com que o amor queime novamente como queimou neses três anos? Apenas o tempo pode responder a essas coisas.

domingo, março 28, 2010

Estranhices


Ao longo de nossos anos de vida, todos nós percebemos que existem dias que sentimos que está tudo diferente. Nesses dias, acordamos com a cabeça vazia e decidimos olhar para o céu. O céu acorda assim como você, vazio e sem nuvem alguma.

Decidimos encontrar nossos amigos que, usualmente, não vemos e também percebemos que eles não parecem os mesmos de algum tempo atrás. Todos parecem muito mais sérios, sem o mesmo humor de tempos atrás. Alguns, inclusive, não te tratam como um amigo, tratam apenas como um conhecido. A totalidade deles está mudando e você não está se adaptando. Começas a ter alguns pensamentos na cabeça. Olha para o céu e ele está como você, começam a surgir algumas nuvens.

Está tudo diferente, estranho e anormal. Seria tudo isso apenas obra do tempo que estraga quase todas as coisas? Estaria tudo daquele jeito apenas devido ao fato de estarmos nos sentindo estranhos? Seriam as duas coisas? São muitos pensamentos rondando seu cérebro. O céu fica negro.

No meio desses pensamentos, existe um em evidência. Não importa o quanto tentas, ele sempre continua em foco. Não consegues esquecer uma pequena e nada séria discussão com uma amiga que julgas gostar bastante. És muito sensível e não consegues conter algumas lágrimas que se formam e se acumulam em teus olhos. Todas elas escorrem. Olhas para o céu e percebe que ele começa a tirar fotos de seu momento ruim. Uma infinidade delas.

Permanece olhando para o céu como quem quisesse uma foto do seu rosto. O céu percebe que você não está bem. Ele para de tirar fotos e decide chorar junto com você. Ele sabe que você não está bem, sabe que está angustiado, sabe que está preocupado.

O dia realmente não foi bom. Chega a noite e te acalmas um pouco. O céu percebe, tira mais algumas fotos, solta alguns gritos mas depois relaxa. Os pensamentos começam a sair de tua mente. A medida que tua mente se abre, o céu te mostra mais estrelas parecendo até saber que você quer vê-las. A noite está bela mas você está sozinho. Decides caminhar um pouco e notas que essa é apenas mais uma noite.

quarta-feira, março 24, 2010

Da série: "As histórias de Jonny." [2].


Há não muito tempo, estava eu a conversar com meu bom e velho amigo Jonny. Já era tarde e Jonny não estava muito animado. Continuei a conversar normalmente como se não estivesse percebendo que ele estava daquele jeito. em um momento durante a conversa, Jonny baixou a cabeça e ficou mudo por um tempo. Já que o conheço muito bem, sabia que algo não estava bem.

Quando Jonny levantou a cabeça, não perdi tempo e perguntei o que é que estava acontecendo. Jonny tentou mudar de assunto mas eu não deixe que ele o fizesse. Ele, então, começou a falar:
- Léo, o que acontece é o seguinte. Estou com um problema com uma amiga minha, a Dalila. Acho que já te falei sobre ela.
- Sim Jonny, mas o que aconteceu exatamente?
- Bom Léo, a Dalila de uns tempos pra cá não está parecendo com ela mesma. Ela começou a tratar um pouco mal alguns amigos dela. Parece que ela se esqueceu do valor das verdadeiras amizades. Isso me deixa muito decepcionado. Há alguns dias, eu estava conversando com meu amigo Max, um de meus amigos, e ele disse que está sentindo a mesma coisa em relação à ela. Não sabemos o motivo de tak mudança repentina mas que ela mudou, mudou.
- O que é que torna essa mudança tão clara Jonny?
- Muitas coisas. se eu fosse falar de todas ficaria muitas horas aqui. Sei que, há pouco tempo atrás, ela nos tratava bem, nos tratava como verdadeiros amigos, mas agora nem conversar com ela nós podemos. As vezes, penso que Dalila deve ter feito novos amigos e esquecido um pouco de nós. Talvez ela não saiba que realmente gostamos dela.

Jonny foi embora cabisbaixo e, como o habitual, fiquei pensando sobre o que ele me disse. Tentei visualizar a situação mas não consegui imaginar nada parecido. O fato de perder um amigo ou só tratá-lo diferente por causa independente do motivo é totalmente inaceitável. Embora seja comum que isso ocorra hoje em dia, nunca deveríamos fazer uma coisa dessas, ainda mais com amigos que gostam muito de nós.

Pelo que Jonny me falou, cheguei a conclusão que Dalila deve ser apenas uma criança se achando uma mulher. Uma criança que ainda não aprendeu o valor de verdadeiras amizades. Apenas mais uma criançaque aprenderá, com o passar do tempo, o que um amigo de verdade representa. Mais uma criança não mais ingênua e inocente. Uma pequena criatura que perceberá que só damos valor ao que não temos, somente ao que perdemos, somente ao que já está longe e não podemos alcançar.

sexta-feira, março 19, 2010

Apenas mais uma noite...

Alguns dias, estamos caminhando sem rumo e sozinhos a noite. Enquanto caminhamos, notamos os aspectos da noite, pensamos em nossas vidas vazias e sem a companhia de quem gostamos. É apenas mais uma noite que você olha para o nada e está perdendo seu tempo.

Algumas vezes, no meio de nossas caminhadas, encontramos nossos amigos e jogamos conversa fora durante horas. Todos curtem a companhia de todos e, graças a isso, todos se divertem e dão bastantes risadas. É apenas mais uma noite em que você se diverte e dá risadas junto com seus amigos.

Após algumas horas de conversa, nossos amigos vão embora e nos vemos sozinhos na noite escura novamente. Por falta do que fazer, voltamos a caminhar, lembramos das conversas que há poucos tivemos e damos risadas baixas e tímidas para nós mesmos. É apenas mais uma noite em que você ri sozinho e se cansa enquanto caminha.

Devido a caminhada, decidimos nos deitar em um banco numa pracinha próxima e olhar para o céu estrelado da noite. Por falta do que fazer, decidimos fazer desenhos com os pontinhos brilhantes que estamos vendo. É apenas mais uma noite que você está ligando os pontos no céu

Depois de vários desenhos feitos, olhamos com um pouco mais de atenção e juramos que estamos vendo o rosto da pessoa de que gostamos. Juramos que a noite é tão escura como o cabelo dela, juramos que o brilho de Vênus é quase tão intenso quanto o brilho do olhar dela, juramos até mesmo que aquele conjunto específico de estrelas tem a mesma forma do sorriso perfeito dela. Infelizmente, lembrar dela não nos faz sentir bem. É apenas mais uma noite em que você sofre por causa dela. Essas percepções nos deixam tristes e, devido a isso, decidimos voltar para casa. Chegamos em casa cansados, deprimidos e até mesmo um pouco nervosos. Por causa desse nervosismo, discutimos com nossos pais e irmãos. É apenas mais uma noite em que você está discutindo e cansado.

Decidimos dormir depois dessas pequenas discussões cotidianas. Deitamos na cama e não conseguimos pegar no sono. Pensamos sobre essa noite vaga e sem graça. A lembrança mais forte em nossas cabeças é, sem dúvida alguma, a dela nas estrelas. Não conseguimos parar de pensar nela. É apenas mais uma noite em que você está com insônia e ela não sai da sua cabeça.


Dormimos e sonhamos com ela. Acordamos e fazemos um balanço da noite anterior. Foi mais uma noite em que perdemos nosso tempo, demos risadas, nos cansamos, ligamos pontinhos cintilantes no céu, relacionamos as estrelas com ela, sofremos por causa dela, discutimos, sofremos de insônia e sonhamos com ela. É apenas mais uma noite sem graça, apenas mais uma noite normal, mais uma noite chata. Apenas mais uma noite com ela na cabeça, mais uma noite ....p....e....r....f....e...i....t....a.

segunda-feira, março 08, 2010

Da série: "As histórias de Jonny.".


Um dia desses, antes de dormir, estava conversando com meu amigo Jonny. Jonny por confiar muito em mim sabe que pode me contar qualquer coisa sem medo nenhum. Nesse dia, não lembro exatamente a que horas, Jonny começa a falar de amores não correspondidos de sua vida e eu percebi que por mais que o amor pareça algo insignificante, ele significa muito para muitos.
Jonny começou a falar que estava confuso, sem auto-estima, sem confiança alguma, se achando menosprezado por quem ele amava. Daí pensei: "seria justo com o Jonny ser menosprezado desse jeito, se sentir tão baixo assim, sendo que todos dizem que ele é uma pessoa tão boa?". Falei isso para ele momentos depois e ele respondeu com uma voz triste em um tom baixo e quase inaudível:
- Pois é Léo, essas coisas acontecem, parece que não ligam mais para seu caráter e sua formação, ligam apenas para seu exterior e suas condições. Não querem saber se você tem um bom coração ou não.
Aquilo perdura na minha mente até os dias de hoje. No mundo em que vivemos, onde estão os valores que outrora dávamos tanto valor? Onde estão as pessoas que ligam para seu caráter? Será que nossa sociedade está perdida nesse mundo capitalista onde tudo que importa é nossa forma? O culto a forma perfeita é realmente importante?
Bom não sei responder a essas perguntas mas sei o que meu amigo Jonny está passando. É certamente o pior dos sentimentos existentes nesse mundo. Como já dizia alguem que teve uma existencia consideravel neste mundo pequeno, poluído e sem graça chamado Terra, "Nós lemos o mundo errado e dizemos que ele nos decepciona". Força Jonny.

domingo, março 07, 2010

Toda grande jornada começa com um passo.


Bom pessoal, a historia é mais ou menos a seguinte, um dia por aí vc está andando pelas ruas sem porra nenhuma pra fazer daí você encontra um tigre ancião. Oriundo de terras asiáticas e com uma sabedoria enorme, é claro que eu não poderia perder a chance de pedir conselhos.
Ficamos conversando por horas e horas e o tempo parecia passar muito depressa. Então, papo vai papo vem, pedi para que ele me desse um conselho. Então ele falou:
-Meu jovem rapaz, vejo que por estar aqui conversando comigo não deves ter muito o que fazer, então sugiro que crie um blog para falar besteiras e ocupar um pouco seu tempo.
Aquilo veio como uma luz no fim do túnel, por isso hoje estou aqui vivendo este momento. Não falarei para vocês acompanharem essa bagaceira aqui mas se quiserem seria uma grande honra, ou não. Começando hoje o blog e como ja disse no título: "Toda grande jornada começa com um passo.".