segunda-feira, maio 31, 2010

O mundo de Jonny [1]: Onde que eu to mesmo?

Até que estava sendo uma tarde boa mas estava faltando alguma coisa. Estávamos eu e Jonny jogando um futebol daqueles bem feras. Jonny estava feliz como há muito tempo não o via e, por causa disso, eu também me sentia bastante bem. Depois de um tempinho o futebol acabou e fomos para minha humilde residência. Bebemos água e Jonny foi para a janela e ficou olhando para o nada.
- Ei Jonny - disse dando-lhe um leve tapa nas costas - Aonde você vai agora?
- Aonde vou não, aonde vamos. Se arruma aí que a gente já vai.
Decidi não questioná-lo e fiz logo o que ele me pediu. Me arrumei e logo em seguida saímos de casa. Fomos caminhando e caminhando e o maldito lugar não chegava.
- Jonny, seu louco, onde é que você tá me levando
- Calma, calma. Já tamo quase chegando.

Depois que ele disse isso, caminhamos mais quarenta minutos e nada de chegar.
- Jonny, tem certeza que é por aqui?
- Léo, fica quieto aí que é bem ali na frente.E lá se foram mais vinte minutos caminhando até que chegamos num gramado completamente deserto. Não importava pra onde eu olhava, não conseguia ver nada nem ninguém. Olhei para Jonny e ele estava de olhos fechados respirando bem fundo.
-Léo, é aqui mesmo.
- Porra Jonny, num tem nada aqui ¬¬'.
-Relaxa Léo. Deita aí e dá uma olhada pro céu.

Deitamos e ficamos lá perdendo tempo. Como eu tinha dormido mal na noite anterior, não demorou muito para que o sono me pegasse. Não sei quanto tempo eu fiquei lá dormindo sei que acordei enquanto Jonny dava umas cutucadas no meu braço esquerdo.
-Levanta Léo. Isso lá é hora de ficar dormindo?
- Tá bem Jonny.

Levantei e olhei em volta. Não sei que porra foi que ele fez, mas estávamos num lugar completamente diferente. Aquele gramado sem vida não estava normal. Olhei para o céu de novo e ele não estava do mesmo jeito. Haviam luzes de várias cores numa harmonia completamente perfeita. A paisagem era muito bela. Era tudo muito perfeito, capaz de fazer com que os mais pessimistas e tristes se tornassem felizes e otimistas de uma hora pra outra. Capaz de fazer com que aqueles que tem vontade de tirar a própria vida fiquem com uma vontade de preservá-la absurda.
- Jonny, que lugar é esse?
- Léo, Seja bem vindo.
- Bem vindo? Onde exatamente estamos?
- Léo, está prestes a conhecer um novo lugar, um novo mundo. Esse, é o meu lugar, é o meu mundo.

quarta-feira, maio 12, 2010

O minguar de esperanças e sonhos.

Não era um dia normal, um sentimento estranho rondava seu coração e sua alma. Os cheiros do ambiente traziam más lembranças de coisas que nunca aconteceram. O vento, que outrora soprava uma bela e ótima vida, agora parece tirar a vida de tudo que o toca. Tudo ao redor parece estar morto e sem graça. Como podia sentir aquilo se estava em um lugar tão familiar que sempre foi considerado bom para ele? E por que seus sonhos minguam com o passar dos dias?

E nessas idas e vindas de lembranças e sonhos, seu universo encolhe cada vez mais. Não há mais espaços para lembranças e esperanças inúteis. Mas por que sentir isso? O que seria isso? Isso nada mais é que o desaparecimento de coisas nas quais acreditava. São coisas boas sumindo e coisas ruins se multiplicando. Isso nada mais é que o minguar de uma esperança nunca usada, o minguar de sonhos cada vez mais impossíveis. É, apenas, o minguar de um coração que já está cansado de lutar.

segunda-feira, maio 10, 2010

Tão cedo?


- Que sensação estranha é essa? Sei que já a vi por aqui mas estou achando esquisito, está tudo como se esta fosse a primeira vez.
- Olhe para ela com cuidado, quem sabe já a conhece mas não a está reconhecendo.

- Pode ser....... Mas não deixa de ser estranho

- Deixe me vê-la. Essa não seria a alegria?

- Não mesmo. Perceba, ela não tem o mesmo semblante agradável que a alegria tem. Sem contar que a alegria não aparece por aqui há um bom tempo, não apareceria assim de repente.

- Isso é bem verdade. Seria o ódio?

- Acho difícil. Mesmo o ódio tendo passado por aqui recentemente, dê uma segunda olhada e preste atenção. O ódio não consegue se controlar, e ela está ali quieta como uma estátua.

- Bem observado. Quem sabe não é o amor?

- O amor, com certeza, não é. Além de ser um pouco descontrolado, foi embora e disse que, provavelmente, irá demorar bastante para retornar.
- Hmmmmmm, acho que teremos que chegar mais perto se realmente queremos saber de quem se trata.

- É a única maneira

- Nossa, confesso que estou um pouco amedrontado.

- Eu também estou. À medida que chegamos perto, meu corpo treme mais e mais. Mas tenho que saber de quem se trata mesmo assim.
Chegaram perto e viram o que não queriam. Estava usando um sobretudo preto, segurando algo em sua mão direita e olhava para eles com um olhar tão fixo que chegava a ser assustador.

- Nossa, o que é aquilo que está segurando?

- Não sei ao certo. Sei que tem o mesmo formato de uma foice.

- Uma foice!?!? Será ela a...

- Muito provável, mas por que esse olhar tão fixo?

- Será que já está na hora?
- Talvez.......................... Veja, estendeu a mão. Sem dúvida, está nos chamando.

- Não quero ir mas é tão difícil ignorar o chamado.

- Realmente, não há como recusá-lo.

- É inevitável, teremos que ir e deixar coisas para trás.

-Sim, sim.

- Sabe o que tem lá atrás e estamos deixando?
- Alguns sentimentos tolos e fúteis e uma meia dúzia de falsos amigos que não irão notar que partimos.

E lá se foram, rumo ao destino que os esperava, sem resistência alguma. Apenas foram em direção àquele olhar tão fixo como jamais viram. E alguém se importa?