tag:blogger.com,1999:blog-70671642213589336322024-02-20T22:55:48.689-03:00Tigre AnciãoBlog criado depois que recebi conselhos de um tigre enquanto caminhava por aí pelas ruas de Brasília.LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.comBlogger58125tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-48964161591318532522023-06-20T16:03:00.001-03:002023-06-20T16:03:19.916-03:00Demônios e memórias <p> Certa vez, li, num livro famoso, sobre um ser que representava todo o mal que há. As pessoas tem medo dessa criatura até hoje. Demônio, assim o dizem. Nunca entendi o fato de temerem uma criatura presente num livro. Fingia entender, fingia sentir, mas isso nunca entrou na minha cabeça.</p><p>Minha cabeça, que tanto adoro, me proporciona belas memórias que são difíceis de se esquecer. Memórias não me largam e gosto de ter essas lembranças comigo. Mal sabia que a amo, com a mesma proporção que a odeio.</p><p>Por que temer criaturas imaginárias, se o maior dos demônios vive ao meu lado?</p>LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-22589782211305491942022-11-18T20:31:00.007-03:002022-11-18T20:31:49.445-03:00Composição<p> Como machuca essa saudade</p><p>fria maldade, fria frieza</p><p>sentimento na mesa, na cabeça</p><p>Que teça, novamente, o sentimento</p><p>solitário pensamento: aqui, solidão</p><p>Pega-me a mão e conduz</p><p>à ausência de luz </p><p>que sozinho compus; tal maestria</p><p>que lia, não só um futuro</p><p>tão escuro, mas o passado</p><p>que, ao meu lado, parece sedutor</p><p>seu fulgor, porém, desapareceu</p><p>Sou só eu, só. A maldade,</p><p>pois, é saudade</p><p><br /></p><p>E como machuca.</p>LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-74026970779871686592020-05-16T22:40:00.002-03:002020-05-16T22:40:14.628-03:00Paixão Tímida<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Acometido
por sensações estranhas, observa o que se passa com tudo que pode ser. Piscadelas
de angústia, batimentos de confusão. Vontade de esgueirar-se para suas janelas.
Desejo... de um perfume, de uma voz, de liberdade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">As
certezas são espancadas por prefixos. São tempos difíceis para os que se
atrevem sonhar, mesmo que o façam tão bobamente quanto um clichê possa ser. São
tempos difíceis para os que vivem uma pandemia de amor.<o:p></o:p></span></div>
<br />LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-19757732616811892102019-10-29T01:46:00.001-03:002019-10-29T01:46:39.496-03:00Monstros<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Há
histórias para todos os tipos de leitores. Há aquelas com palhaços e monstros.
Há algumas felizes e outras que são pura destruição. Umas alegram, outras nem
tanto. Todas enriquecem a alma e existem para todos os gostos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Era
bom vê-los, os sorrisos estavam presentes e todo o mundo sumira. Éramos nós
apenas, e não houve nada mais agradável. A realidade fugira, estava longe, a
fantasia tomara de conta. Formam-se conexões, fortalecem-se outras delas. Era
bom tê-los.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Fantasias
se desfazem, a realidade volta cruelmente e traz seus monstros com ela. Os
monstros me assombram e me deixam sem ação. Tenho dúvidas quanto à minha força,
pergunto-me sobre quem sou. Afinal, qual seria essa resposta? O que venho me
tornando? Serei eu o pronome que aprendi a lidar? Realidade, fique longe,
imploro-te. Chega de me assustar com suas verdades frias. Sinto frio e meus
ossos todos se congelam, meu cérebro não me responde com a velocidade que me
acostumei. Realidade, fique longe, por favor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Engano-me,
a realidade não é um ser que simplesmente pode ir embora, engano-me porque não
sei o que faço nem o que farei. Meus monstros de estimação me pressionam, me
deixam inapto para o que quer seja. Estou caminhando em círculos e minhas
pegadas me incomodam. Esse desenho é um ciclo vicioso, que será que se tornará?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Onde
está minha força de outrora? Aliás, tive força outrora? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Pergunto-me,
o que andei fazendo, que sofrimentos venho causando, que cabeças estou
bagunçando? Meus monstros internos me intimidam e me deixam incapacitado. Seria
eu meus próprios monstros? Afinal, meu cérebro é o responsável por alimentar
todos esses monstros? Apesar de tudo o que digo, afinal, o monstro sou eu?<o:p></o:p></span></div>
<br />LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-43932526704198461872019-10-11T14:54:00.002-03:002019-10-11T14:54:31.299-03:00LabirintoChateio-me, entristeço por chatear-me, derrubo-me. Lembro-me, alegro-me, ergo-me. Chateio-me, escrevo-me, derrubo-me. Alegro-me, perco-me, procuro-me. Chateio-me, entristeço-me, odeio-me. Amo-me, entristeço por amar-me, derrubo-me.<br />
.<br />
.<br />
.<br />
.<br />
Erga-me? Alegra-me?<br />
<div>
<br /></div>
LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-57957925934439419112019-05-04T17:35:00.001-03:002019-05-04T17:35:47.111-03:00Inodoro<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Uma casa grande, uma família grande. Esta
era formada por pai, mãe e quatro filhos. Os três mais velhos eram praticamente
da mesma idade, a diferença não devia passar de quatro anos entre o primeiro e
o terceiro. O caçula já era muito mais novo algo em torno de dezoito anos entre
ele e o mais velho. Os pais eram bem sucedidos e já planejavam a aposentadoria.
Fora o caçula, que estava na faculdade, todos os filhos trabalhavam.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como dito, a casa era grande. O casal não
queria que seus filhos saíssem de casa e construíram uma residência que faria nunca
terem essa vontade. A energia presente<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>quase sempre foi muito boa,todos se davam muito bem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A mãe era apaixonada por botânica, mas era
alérgica a quase todas, senão todas, as espécies de flores. Não podia sentir o
cheiro delas que um mal-estar a consumia. Devido a isso, moravam isolados longe
de flores naturais. O pai, ciente da condição, fez um jardim belíssimo com
flores de plástico. Estas eram réplicas quase exatas visualmente, e não exalavam
cheiro algum. Quando criança, seu filho caçula odiava aquelas flores, não
entendia o propósito de flores que não tinham cheiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O pai, velho, vez ou outra falava da morte
que já estava mais pra cá do que pra lá. Falava do legado, da herança e da
responsabilidade que os filhos teriam quando o momento chegasse.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nunca lhe davam ouvidos, queriam acreditar
que a morte só chegava para os outros. Ora, era um velho saudável. Porque a
morte o levaria?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ah! Quanta inocência! A morte nunca gostou
do previsível, E foi numa tarde como qualquer outra, enquanto voltava do
trabalho, que o pai sofreu um grande acidente de carro. Morreu e sequer teve
oportunidade de se despedir, sua partida não fora marcada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A mãe chorou como nunca e repetiu por
algum tempo, certas palavras “O único homem que amei. Por que, meu deus? ” Os
filhos mais velhos disfarçavam a tristeza, queriam parecer fortes. O mais novo
não. Chorava e chorava muito. Que força era demonstrada ao esconder lágrimas
afinal?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A mãe nunca aceitou o fato e não demorou
para que caísse numa depressão. A união de outrora não existia, estavam todos
distantes. Os irmãos mais velhos pouco falavam e pouco se importavam com a mãe
doente. O caçula era o único que conversava com ela e, mesmo sabendo da doença,
achava aquele contato muito agradável. Senão ele, quem mais tentaria animar a
pobre idosa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Apesar dos esforços, nunca teve a
capacidade de alegrar a mãe como o pai fazia. Jogava palavras no ar por horas,
caminhava pela floresta de plástico, mas nada disso mudava o semblante dela por
um tempo considerável. Sentia-se incapaz, culpado talvez, pela depressão e pela
desunião da família inteira. Um fardo pesado demais para um guri daquele
carregar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Filho, não se esforce demais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Palavras que sempre escutava, mas não
podia dar ouvidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Por anos assistiu ao sofrimento da mãe e
também o descaso dos irmãos. Cansou-se de rezar. O que também não fazia efeito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Maninho, porque insiste tanto nessas
rezas? Deus já nos desertou, pouco se importa conosco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Esforçava-se para não levar essa tese a
sério, porém, o que seu irmão passou a dizer se mostrava verdadeiro. “Ó,Deus,
por que logo conosco?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os anos passavam e, pouco a pouco, sua mãe
perdia a memória. Seus irmãos disputavam uma herança que ainda não estava
disponível. Faziam isso enquanto deixavam a casa e, de repente, pararam de dar
noticias. Malditos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sentia-se sozinho na casa. Irmãos ausentes e
uma mãe com amnésia. O que restava? Apegou-se às memórias do pai, e a mais
forte delas era aquela floresta de plástico, as flores sem cheiro. Era ali
onde, nos poucos momentos de lucidez, sua mãe queria estar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-Ah! Os cheiros dessas flores me deixam tão
próxima de ti, Ju.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ju... Era assim que ela chamava o marido.
O menino, já não mais aquele menino, ouvia aquilo com lágrimas nos olhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Pai, sempre subestimei sua presença. Como
pode uma família ser tão forte num momento e, logo no seguinte, parecerem não
se conhecer? Pai, sua ausência é muito sentida, por que nunca me ensinou a
manter os elos familiares como fazia? Eu via seus filhos, meus irmãos, brigando
pelo que deixou, parecia que nunca se amaram, Hoje já não os vejo, fugiram como
cães fogem quando estão com medo. Onde está você para ensiná-los a amar mais
uma vez? Onde esta você para encorajá-los de novo? Pai, porque não é eterno
como essas flores que fez? Pai, por favor,ajude.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Escreveu essas palavras e colocou o papel
no telhado. Tinha uma curta esperança que Ju fosse ler algum dia e que mandaria
um sinal. Por que alimentava essa fé boba? Não sabia. Gostava de coisas bobas
tais como Deus, e recados em telhados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não demorou e, num certo dia, quando
passeava com a mãe viu que ela estava com uma flor de verdade na mão e a
cheirava. Tomou a flor, mas era tarde. A idosa já passava mal e isso poderia
ser fatal. E, de fato, foi. O organismo não aguentou; a mãe morreu dois dias
depois. Chorou muito no dia e em todos os dias que se seguiram.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E
foi num desses dias que estava coberto em suas próprias lagrimas que escreveu
as ultimas coisas que teve vontade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Pai, morreu quando ninguém esperava e
nossa família morreu consigo. Mamãe, enfim, oficializou a morte do corpo. A
alma dela morrera naquele acidente de anos atrás. Papai, como pôde criar três
filhos tão desgraçados e um tão fraco? Os primeiros só queriam dinheiro, e eu
nunca fui capaz de reviver o amor que levou consigo no caixão. Papai, nosso
amor era assim tão fraco? Que amor de família era esse que tínhamos? Aquelas
flores de plástico são muito mais fortes que aquele pseudo amor. Sim, essas
flores estúpidas que agora cheiram à morte. Sim, um cheiro horrível de morte.
Papai, por favor, me responda. É o plástico mais forte que o amor?”<o:p></o:p></span></div>
<br />LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-49574812305884299982016-02-03T00:50:00.002-03:002016-02-03T00:51:21.683-03:00Máscara-Você é estranho...<br />
-Você tem um estilo que ninguém valoriza.<br />
-É careta<br />
-Antigo, esses valores já foram esquecidos.<br />
-Educado, sempre quer algo mais.<br />
... <br />
-Ora, deixem o pobre rapaz, ele só tem uma máscara diferente.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02269768072790613291noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-16578238295046022372015-03-11T04:06:00.000-03:002015-03-12T21:05:30.751-03:00O Homem RuimOra, a pervigília está de volta. Não há opções do que fazer. Todos dormem agora, apenas estranhos estão acordados. Um destes sou eu, não que esteja me ofendendo ao me chamar estranho, afinal, isso todos somos de uma certa forma. Bom, por alguma razão, as estrelas, hoje, pouco me interessam. foco-me apenas nos desenhos que faço no papel.<br />
<br />
Há coisas dentro de mim que precisam de expressão seja ela como for. Existem sentimentos que me trazem certa angústia. Um desconforto latejante desliza entre minhas costelas e causam um frio inquietante no meu ser. Meu coração bate em um ritmo que todos os compassos são diferentes. Isso me traz angústia e me deixa, quem sabe, vivendo numa espécie de agonia.<br />
<br />
Estou longe do meu paraíso, se é que tenho um. Sei que fui um homem ruim, e essa raça não pode desfrutar de qualquer éden que seja. Minhas lembranças me mergulham em madrugadas melancólicas e são fortes o bastante para me deixarem no fundo do poço. Preciso de ajuda, mas acho que as divindades deixaram, há muito, de ajudar os maus homens<br />
<br />
O céu está com um belo azul, enfim, percebo. Nada combina com o sal em meus olhos, nada combina com a vermelhidão em minha esclerótica. Nenhum elemento combina com a vergonha que se iniciou em meu interior e, muito menos, com o medo que passei a sentir do meu próprio eu.LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-91557032779238494272015-01-13T03:12:00.001-03:002015-01-13T03:12:36.382-03:00Os Tais Deuses<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Ora, aquele reles humano está ali de novo para nos pedir favores, todas as
semanas ele está lá.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Ora, por que o chama assim, irmão?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Ele está sempre nos pedindo algo, esse é o porquê.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Nós somos deuses, isso é bem normal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Sim, mas não podem pedir nossa ajuda por qualquer coisa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Não?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Não!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Mano, não seja assim, aquele humano não é um que não tenha valor, afinal,
existimos por causa dele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
O que quer dizer?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Não é óbvio? Só existimos pela crença dele, se, por algum acaso, ele parar de
acreditar em nós, vamos simplesmente desaparecer?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Enlouqueceu? Somos seres divinos, não dependemos de humanos para existir, muito
pelo contrário.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Tenho toda certeza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Então, quer dizer que temos poderes infinitos? Podemos criar tudo o que
quisermos apenas com a força de nossas mentes, temos o poder de fazer que as
coisas sejam exatamente como queremos?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Sim, tenho total convicção disso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Ai ai – dizia enquanto balançava a cabeça – como pode ter esse pensamento tão
infantil? Só somos capazes de fazer isso porque alguém acredita que podemos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Deixe de besteiras, meu irmão, não somos considerados deuses à toa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Afinal, quem nos considera deuses?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Nossos poderes ilimitados e nossa imortalidade deixam isso claro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Ah, irmãozinho, como você precisa aprender coisas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
O que quer dizer?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Digo que você é muito inocente. Venha comigo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> Os dois logo deram passos, não
demoraram muito, até que avistassem uma mulher, aparentemente bem cansada,
trabalhando incessantemente com umas pilhas papéis:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Veja lá, faça que pare de trabalhar e volte pra casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Facilmente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> Fez alguns poucos gestos com a mão
direita e, logo em seguida, a mulher guardou todos os papéis e se colocou no
caminho para casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Aí está<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Muito bem, mas não terminamos, siga-me.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> Os deuses caminharam por cima das
nuvens, enquanto o mais velho deles procurava por algo, ou alguém, para ensinar
algo a seu caçula. Não foi tão rápido quanto achar aquela mulher. Então, na
terra, viram um homem que chorava muito frente à uma pilastra:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Veja lá, irmãozinho, use seus poderes, faça que pare de chorar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Como quiser.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> Logo fez alguns gestos com as mãos.
Fez outros e outros. Nada que fizesse aquele homem parar de chorar. Tentou por
um certo tempo, mas nada que tentasse fazer surtia efeito:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Não estou conseguindo, o que está havendo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
É tão simples, você não tem poder sobre ele porque ele não acredita na nossa
existência, nada que façamos pode fazê-lo parar de chorar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
E qual o motivo para tantas lágrimas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Acho que a mãe dele morreu ontem. Mas o que importa é o que quero mostrar, só
temos o que achamos ter porque alguns nos levam a sério, acreditam em nós, aos
que acreditam em nossa inexistência, não podemos fazer nada, seja para ajudar
ou não.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Então, nossos poderes têm limites nas crenças de cada humano lá embaixo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Não só nossos poderes, irmão, nossa existência inteira depende da crença deles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Está dizendo que não somos fortes como a maioria dos humanos pensa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Sim, é isso que estou dizendo. Eles existem, nós querendo ou não, e podem influenciar
em nossa existência, são eles que detêm o poder divino.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Por que então eles nos pedem as coisas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Eles não sabem o poder que tem, acham que são inferiores a nós em todos os
sentidos. Se eles tivessem conhecimento do potencial que possuem para mudar as
coisas ...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Ora, irmão, por que acredita tanto neles?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Por que tantos acreditam em nós? Eles podem nos extinguir a qualquer momento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Não se reduza tanto, você é um deus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Sim, eu sou e, justamente por isso, podem duvidar de mim, que eu exista. Os
humanos não passam por isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Por acaso, você está insinuando que toda a fé que eles têm em nós é,
simplesmente, inútil?<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">-
Não, irmãozinho. Sinceramente, eu acredito que um pouco de fé os ajude em
certas ocasiões. Porém, eu acho que as coisas seriam muito melhores se eles
começassem a acreditar em si mesmos.<o:p></o:p></span></div>
LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-25238835716331306872014-10-23T00:48:00.003-03:002014-10-23T00:48:37.318-03:00Primavera?<div style="text-align: justify;">
A primavera, enfim, chegou, em pouquíssimo tempo, as flores, as cores, reviverão. Em breve, a chuva regressará a nós e toda essa paisagem renascerá. O verde da grama reluzirá, o vermelho das rosas irá nos apaixonar uma vez mais. Essa seca irá longe e nossos olhos poderão chover de felicidade. As melodias diárias trarão notas mais agradáveis, acordes maiores, harmonias mais simples e amáveis.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A chuva não veio, a paisagem segue morta e nos dói os olhos. Onde está o verde dos gramados? Há apenas rosas desbotadas, como se apaixonar assim? A seca segue por aqui, narizes sangrando, lábios rachados e a chuva dos olhares apenas revelam mágoas e desapontamentos. As músicas desses dias nos torturam, a melodia nos machuca, acordes menores, harmonias que apenas trazem angústias. A primavera está aqui, então, por quê? Que motivo? É inexplicável, mas há, somente, a ausência de cores, definhamento de flores, a agonia, a morte de amores.</div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02269768072790613291noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-5748045938687174682014-09-22T03:14:00.000-03:002014-09-22T03:19:07.355-03:00As tais cores<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Os
campos ali eram preenchidos por plantas de diversas cores. Formavam
uma bela paisagem e um belo lugar para se fazer caminhadas. A sombra
dali deixava o ambiente muito agradável e caminhar naquela região
era extremamente prazeroso. Havia por lá uma dupla inseparável, pai
e filho, que costumavam caminhar por entre as árvores que ali
estavam enquanto curtiam a companhia um do outro. Pelos olhos do
filho, o pai era extremamente sábio e, pelo olhar do pai, o filho
era bastante curioso.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Num
certo dia, perderam a hora e andaram muito mais do que era de
costume. Viram-se num lugar onde duas trilhas se cruzavam e estavam
em pé bem na interseção entre elas. Naquele ponto, existia uma
divisão clara de cores e a falta delas. À esquerda dos dois, havia
árvores com folhas amarelas e outras com folhas cinzas. Essas
árvores e suas cores não se misturavam. À direita, as árvores
tinham folhas roxas e, depois de uma certa linha imaginária, apenas
uma árvores no meio de uma planície de grama morta. Nas poucas
folhas que restavam, podia-se ver que essa já foi uma árvore cujas
folhas eram rubras.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">O
pai lembrava daquele lugar, esteve lá há muito tempo, não lembrava
com quem, mas sabia que já estivera ali. Observava seu filho e
percebia o encanto por aquele cenário. O garoto gostou de todas as
cores, mas a solidão do vermelho fez que se apaixonasse. O menino
correu em direção à árvore solitária enquanto o pai o observava
e o seguia caminhando lentamente.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Depois
de um tempo de corrida, o menino chegou à árvore. De perto,
percebeu o quão grande era e, justamente pelo tamanho, teve vontade
de subir até seu topo. Estava reunindo a coragem necessária quando
sentiu a mão de seu pai tocar seu ombro esquerdo. Olhou diretamente
para seu pai e percebeu o olhar de reprovação. Estava bem claro que
a ideia de subir ao topo da árvore não era uma a ser considerada
boa.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Mas pai.......... por quê?</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Filho, o tronco desta árvore está podre, não deve demorar muito
para que ela morra. Não se arrisque, não vale o risco.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Mas pai, quero pegar uma folha daquelas, sua cor é fascinante.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Concordo, porém, essas folhas logo morrerão também, como já
disse, não vale o risco.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Ao menos se existissem mais como estas...</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Já existiu, meu filho. Já existiu.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Como sabe?</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Aquele
homem lembrou-se da vez que estivera ali e contou ao seu filho o que
lembrava. Recordou-se exatamente das árvores amarelas, cinzas e
roxas. Naquele tempo, havia mais algumas árvores vermelhas e um bom
número delas já estava começando a apodrecer. Na primeira vez por
lá, também se apaixonou pelo vermelho e, mesmo que algumas já
estivessem apodrecendo, percebia que o rubro se misturava com as
outras cores, coisa que já não acontecia. Existia alguém, uma
espécie de jardineiro, que não deixava as árvores perecerem ao
tempo. Esse alguém, naquela época, já era bem velho e achava que o
vermelho era muito trabalhoso, por isso, não dava a elas a atenção
necessária.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Pai isso realmente é triste. Esse é o vermelho mais bonito que já
vi. Não há nada que possamos fazer?</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Filho – respondeu – perguntei a mesma coisa para o velho homem.
Ele me disse que existe algo muito peculiar nessa árvore, nessas
folhas. O motivo de ser tão difícil cultivá-la</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">- E
o que seria?</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Bom, pelo que sei, elas nunca foram numerosas como as outras e, como
já disse, ela era a única que conseguia se misturar com espécies
distintas. Aparentemente, ela influenciava o número de árvores de
cada cor, contudo, o fazia de maneira imprevisível. Em certas
estações, misturava-se com o amarelo e o multiplicava de maneira
incontrolável. Em outros tempos, misturava-se e o amarelo
praticamente sumia. Quando o amarelo diminuía consideravelmente seu
número, o cinza dominava aquele lado da paisagem. Baseando-se nisso,
somos conduzidos a pensar que esse fenômeno era controlado pelas
estações do ano, mas não, pois o comportamento dessas três cores
nunca se repetiu por duas primaveras ou qualquer estação que
queira.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Muito curioso. Como aquele idoso sabia disso?</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Isso foi observado por seis ou sete gerações da família dele, ou
um número perto disso, não me recordo.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Entendo... E como era a relação entre o vermelho e o roxo?</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Essa era, como as outras, bem interessante. Houve um tempo em que o
roxo e o vermelho foram praticamente iguais, numericamente falando.
Quando ocorria a mistura, inicialmente, o vermelho se comportava como
um parasita para o roxo e o matava em grande número. Depois, como
uma forma de vingança, era o roxo que se portava como parasita do
vermelho e também o matava em larga escala. Isso ocorria até que
estivessem em equilíbrio e coexistissem em paz e harmonia novamente,
pelo menos, até que, após um tempo imprevisível, o processo
recomeçasse.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Devia ser divertido ver a paisagem mudando completamente sem saber o
que esperar dela.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Devia ser espetacular. Agora, vamos voltar para casa, sua mãe nos
espera.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;">Deram
as costas para o último exemplar de vermelho que existia ali e
caminharam rumo à trilha que os levaria de volta para casa. O menino
estava, ainda, consumido por uma curiosidade sem fim. Queria muito
saber como eram as misturas que já ocorreram. Enquanto caminhavam, o
pai percebia a inquietação do filho e percebia que muitas perguntas
ainda existiam.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-
Pai?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Começou a falar, mas
logo se calou. Não queria perturbar o pai fazendo uma pergunta cuja
resposta o pai não seria capaz de dar. Não queria fazer que seu pai
se sentisse mal por não ter a habilidade para responder. Pura
besteira, coisas de uma criança que pouco entende de consciências.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; page-break-before: auto; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Filho, apressemos o
passo. Se nos atrasarmos para o jantar, sua mãe não ficará muito
feliz conosco.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Pai, não consigo ir
mais rápido.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Está certo – disse
enquanto se agachava – suba nas minhas costas. </span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">O filho não perdeu tempo
e logo fez o que o pai sugeriu. Seu pai apressou o passo, sabia como
a mulher era quando o jantar não era servido na hora certa. Fez todo
o esforço que achou possível, mas não foi suficiente, atrasou-se.
Quando chegaram, o jantar já estava na mesa.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Mia – confesso não
saber se esse era o nome dela ou uma forma carinhosa de chamá-la -,
perdão pelo atraso, acabei levando nosso filho muito mais longe do
que devia.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Onde foram?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Apenas seguimos as
trilhas dos campos.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Mãe – o filho tomou a
palavra –, não discuta com meu pai, a culpa foi toda minha.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Mia olhou diretamente
para o filho, estranhando-o de certa forma, ele nunca fora uma
criança que invadias suas discussões com o marido. Não possuía o
hábito de dar broncas no filho e não seria essa a vez que passaria
a fazer isso.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Tudo bem, jantemos logo
então, mas fique avisado, não serei eu a fazer o jantar amanhã.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Sentaram-se todos e
comeram. Conversaram bastante sobre o dia, Mia passou a querer saber
de tudo que acontecera. No momento que seu filho descrevia as árvores
que havia observado, o vermelho em especial, ficou impressionada, não
imaginava que o garoto fosse se interessar tanto por folhas, por
árvores, que seja. As descrições do menino a faziam lembrar de
várias coisas do seu passado e do passado do seu marido. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Naquela noite, antes que
fosse dormir, precisaria conversar com seu marido. Terminaram o
jantar e os três passaram mais algumas horas conversando. Quando se
deram por satisfeitos, marido e mulher levaram o pequeno até o
quarto, deixaram-no e esperaram que adormecesse. Logo em seguida era
a vez dos dois e, assim que chegaram no quarto:</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Dan – novamente não
sei se esse era realmente seu nome – esse é aquele mesmo vermelho?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Sim, querida, o mesmo
vermelho.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-E o que faremos?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Nada, penso em deixá-lo
alimentar essa curiosidade.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Está louco? Quer que
ele perca o mesmo tempo que você perdeu?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Dan, quando mais jovem,
conheceu o vermelho e, por causa desse, teve vontade de se tornar, e
acabou por fazê-lo, um jardineiro. Conheceu Mia quando estava
obcecado em conseguir cultivar o tal vermelho, nunca foi capaz de
mantê-lo por muito tempo e assim passaram-se vários anos. Era esse
o tempo perdido citado por Mia.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-E o que sugere que eu
faça? Entre na cabeça do nosso filho e arranque a memória do
vermelho de lá?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Se isso fosse
possível...</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Não é isso que devemos
fazer, penso em facilitar as coisas para que consiga sanar essa
curiosidade.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-E como pensa em fazer
isso?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Simples, vou viajar
daqui a dois dias.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-DOIS DIAS??!?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Sim, dois dias. Não vou
amanhã porque preciso fazer o jantar – falou enquanto dava uma
risada.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Não pode viajar assim
tão de repente. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Claro que posso. Você
tem total capacidade de cuidar das coisas sozinha por alguns dias.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Alguns quantos?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Dez dias, nada mais.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Mia, é pelo nosso
filho. Nós dois sabemos que ele se parece muito comigo e, por isso,
ele vai querer saber como tratar do vermelho.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Mia não queria acreditar
naquilo, mas, no fundo, ela sabia que o que saía da boca do seu
marido era pura verdade. Esse foi o motivo pelo qual não foi difícil
convencê-la que aquilo fosse necessário.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-E onde você pensa que
vai?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Vou visitar o neto de um
certo velho que conheci há muito tempo. Vou com minha bicicleta.
Devo demorar quatro dias para chegar, dois para convencê-lo a vir
falar com nosso filho e mais quatro para voltar.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">À Mia não restou muita
opção que não fosse a aceitação da ideia, afinal, era pelo bem
do filho. Sabia que o conhecimento do marido não seria suficiente
para ajudar o garoto.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Dormiram. No dia
seguinte, tudo correu normalmente. O menino brincava, seus pais
trabalhavam, tudo como o cotidiano estabeleceu. Na hora do jantar,
Dan contou ao filho que viajaria no dia seguinte e que ficaria uns
dez dias fora:</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Legal, pai. Aonde vai?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Vou buscar um amigo</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Entendo. Tem algo a ver
com a árvore de ontem? Nossa, como aquele vermelho era fantástico.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Sim, filho. Percebi que
queria me fazer algumas perguntas e se conteve. Esse meu amigo vai
poder te ajudar muito mais do que eu.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Na manhã seguinte, bem
cedo, Dan já estava pronto para partir com a bicicleta.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Mia – disse pouco
antes de beijar a esposa – cuide das coisas por aqui. Não se
esqueça das plantas.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Dito isso, partiu. Mia
estaria sozinha por dez dias com seu filho. E foram dez dias que teve
de aguentar a descrição das árvores coloridas uma infinidade de
vezes. Mia não gostava de deixar a casa sem ninguém por lá, porém,
um dia, salvo engano, no nono após a partida de Dan, seu filho foi
capaz de convencê-la a ir até o local onde o vermelho estava.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Chegando lá, Mia
percebeu a divisão clara de cores, o cinza, o amarelo e o roxo. Não
viu o vermelhos, todas as folhas haviam deixado o caule para trás. A
tristeza no rosto do filho era evidente, não conseguiu mostrar a cor
à mãe e isso o deprimiu. Foi uma noite de muitas lágrimas aquela.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Então, o décimo dia
chegou. Dan devia estar de volta em algum momento daquele dia. Mia o
aguardava ansiosamente, pensava que chegaria para o jantar junto do
seu “amigo” e, devido a isso, fez comida para quatro pessoas.
Infelizmente, Dan não chegou naquele dia. Mia ficou muito
preocupada, seu marido nunca foi de descumprir os prazos que
estipulava. O filho também se preocuparia, mas estava muito ocupado
pensando no lugar aos as folhas rubras tinham ido.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Finalmente, quinze dias
após a partida, Mia avistou duas bicicletas no horizonte, isso logo
no início da tarde. Tinha certeza que era Dan e o neto do tal velho
e realmente eram os dois. Não se passaram mais que dez minutos do
momento que viu as duas bicicletas até que chegassem.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Filho – gritou Dan
logo que chegou.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Pai – o filho correu
para os braços do pai com lágrimas nos olhos.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Ei, garoto, o que houve?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-As folhas pai, todas
elas sumiram.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Ei, não se preocupe. Vê
aquele homem? - perguntou enquanto apontava um dedo para o homem que
chegara junto com ele – Ele vai te ajudar a ter todo o vermelho que
quiser.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Deixou o filho sozinho
com o homem enquanto ia conversar com sua esposa:</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Por que demorou tanto?
Não seriam dez dias?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Mia, me perdoe. Não fui
capaz de convencê-lo a vir em apenas dois dias, precisei de sete.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Tudo bem, pelo menos ele
está aqui.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Os dois ficaram
observando o filho e sua conversa com aquele homem. Foram necessários
dez minutos de conversa para que o filho parasse de chorar. A
conversa durou muito tempo, passaram pela história do vermelho e
suas misturas com outras cores, em especial, o amarelo o cinza e o
roxo.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Senhor – dizia o
garoto –, isso é estranho. Quer dizer que, para o vermelho nascer,
necessito dessas três em especial?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Sim, meu garoto, não há
rubro sem cinza, sem amarelo e sem roxo.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Mas por que o foi o
único a morrer nesse lugar?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Filho, o vermelho é uma
folha extremamente complicada. Mesmo que cuidemos muito bem dela, ela
pode pode morrer e, algumas vezes, ela pode nem nascer. É muito mais
complexa que as outras. Ainda existe o fato de suas sementes serem
muito mais raras que qualquer outra que imagine.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Por que isso?</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Isso é uma coisa que
ninguém nesse mundo vai poder te responder de forma convincente.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">O homem falou por horas
naquele dia e por horas no dia seguinte. Ficou naquela casa por três
dias e, sempre que questionado pelo garoto, tirava a dúvida se essa
estivesse ao seu alcance. Quando se preparou para partir, entregou ao
menino quatro sacos de sementes. </span>
</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Aqui garoto. Cinzas
amarelos, roxos e vermelhos, faça bom uso delas.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Muito obrigado, tio.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Lembre-se muito bem do
que eu te disse nesses dias. Escolha muito bem o terreno onde plantar
o vermelho. Você já sabe de algumas condições... E nunca se
esqueça, o vermelho é uma folha para a eternidade...</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">E o garoto completou:</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.5cm;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">-Mas é uma pena que a
maioria dos terrenos tenham medo do eterno.</span></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-70752418111053420282014-09-01T01:38:00.002-03:002014-09-01T01:38:53.383-03:00O Lugar NenhumUm teatro<br />
Uma floresta<br />
Um incêndio<br />
Um campo de batalha.<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Há pessoas mascaradas fazendo coisas completamente sem sentido. Observa enquanto tenta compreender o que se passa. As máscaras são horripilantes, parecem ter origem na mais terrível história do seu imaginário. Aquilo o assustava, assustava de uma forma que seus próprios fantasmas não conseguiam. A plateia era formada por manequins, todos eles sem rosto. Não reagiam a nada, não se mexiam, não falavam. A impessoalidade da coisa era muito curiosa. Qual era o motivo daquele espetáculo para aqueles bonecos todos? Vira-se uma vez mais para os mascarados, todos o ameaçavam e toda aquela construção se desmonta. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
As árvores possuem formatos incomuns e sem um padrão que seja notável àqueles olhos. É possível notar a respiração das folhas e dos troncos. Os galhos se mexem como tentáculos e fazem tudo o que podem para bloquear a luz. Aparentemente, sua visão, em breve, não lhe serviria mais de nada. Ouve vozes dizendo coisas completamente desconexas. De repente, animais surgem correndo com tudo o que podem, fazem muito barulho, percebe que estão todos assustados. Atenta-se ao seu redor e vê um clarão se aproximar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A temperatura começa a aumentar descontroladamente, o fogo passa a consumir tudo. Os animais ficarão sem lugar para ir. Fixou o olhar naquela labareda, pensava em fugir, mas, por alguma razão, deveria ficar ali e enfrentá-la mesmo sabendo que não havia uma vitória o esperando. Senta-se e apenas espera. O fogaréu o cerca, não o afeta, mas acaba com tudo ao seu redor. Surge um relógio no pulso direito, ele começa a olhar a movimentação dos ponteiros. São muitos os movimentos e, assim como chegaram, as chamas somem sem uma explicação. O relógio some e o frio começa.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um asfalto esburacado surge do chão logo à sua frente. Quer guiá-lo para algum lugar. Levanta-se e logo dá seus primeiros passos sem saber aonde está indo. Sempre fora uma pessoa curiosa. Direita, esquerda, direita, esquerda. Essa repetição ocorre centenas de vezes até que, logo à sua esquerda, uma explosão, que foi completamente ignorada, ocorre. Mais algumas dezenas de vezes até que levante sua cabeça. Vira-se para a esquerda e vê capacetes brancos, para a direita e vê capacetes negros. Decide fechar os olhos e ouve disparos incontáveis. Os sons e as origens deles não o ameaçavam, porém, o perturbavam bastante. O asfalto some e tudo o que resta é uma trilha de barro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todo aquele cenário era horrendo, por várias vezes desejou, secretamente, a morte e, por várias outras, desejava que sequer tivesse nascido. O barro por onde passou a andar deixava tudo bem claro. Saíra de lugar algum e estava indo, sem hesitar, para lugar nenhum.</div>
LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-36661143631333340102014-01-30T03:34:00.001-03:002014-01-30T03:46:16.481-03:00Quase Sonho<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
No jardim, as folhas mudavam de lugar, o vento
batia na árvore que ali estava, as folhas caíam e se arrastavam lentamente. O
sol já não estava alto, ia se por em uma ou duas horas, a temperatura era
agradável, era um belo dia, não era possível negar. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Sentou-se na varanda, levantou-se, caminhou, olhou
para as nuvens. O tempo estava fechando. Aquele era o dia do adeus, não sabia
como reagir, não sabia o que fazer ou o que dizer. Faria, diria, mas sem
consciência do que. O céu deixa de ser totalmente azul, o cinza toma parte
dele. Afinal, aquele era o dia e o céu não poderia estar em sua mais bela
forma. Sentou-se novamente e esperou. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Ao longe, via a pessoa que tanto queria, ela se
dirigia à sua casa eram poucos os minutos que esperaria para que as palavras de
adeus fossem ditas. Não queria, mas era inevitável. Fechou os olhos e esperou.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Finalmente, ela
havia chegado à sua cerca. Ela parou, encarou o homem que sabia que a esperava,
olhou para a árvore que balançava com o vento, para as folhas no chão. Ficou
ali por alguns segundos, ou minutos, como alguém que está tendo ótimas lembranças. Deu os
próximos passos e chegou à varanda onde estava o homem. Uma cadeira ao lado
dele a esperava.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Boa tarde – disse a mulher que acabara de chegar.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Boa tarde- respondeu.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Então, hoje é o dia, vim me despedir de ti.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Sei disso, é realmente uma pena. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Sei que sabes o porquê de estar partindo, então, não me explicarei.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Sim, perseguirás teus sonhos, compreendo perfeitamente. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Ali passaram uma
hora conversando, ela falou de suas ambições, explicou seus sonhos, o motivo de
estar partindo, contrariando completamente o que acabara de falar. Achava que
ele não sabia de tudo, pensava que sabia de verdades quebradas. O homem a ouvia
atentamente, prestava atenção em todas as manias com as quais conviveu por
muito tempo. Como os braços se mexiam enquanto falava, as piscadas mais longas
dos olhos, a mão no cabelo e coisas assim. Atenção a todos os detalhes. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Espero não te magoar por estar partindo.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Não te preocupes, ficarei bem, não afirmo que ficarei como a melhor
pessoa deste mundo, mas, como já disse, te compreendo perfeitamente.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Peço perdão pelas feridas, mesmo que sejam pequenas. Meu sonho
parece ser tão real, não há como ficar aqui e não o perseguir. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Apenas siga o que tiveres vontade de seguir. Agora, dê-me um abraço
e vá.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Abraçaram-se e,
naquele momento a chuva já começava a cair, muito embora o sol ainda estivesse
ali, quase escondido, é verdade, mas sua luz ainda era visível. Um abraço era
realmente tudo o que queria naquele momento. Os olhos daquele homem se fecharam
e não se sabe a força do desejo dele para que aquilo fosse eterno.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Os corpos se
separaram do abraço, a mulher abriu seu guarda-chuva e preparou-se parar ir</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Espero que fique feliz.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O homem,
debruçado no balcão, observou os passos da mulher no jardim, a árvore e as
folhas molhadas e a distância entre os dois que só aumentava. Compreendera que
ela estava atrás de tudo o que sonhava, mas lamentava por ver o vento e a chuva
levarem o seu maior sonho. “Espero que fique feliz”. As últimas palavras do
sonho que sumiria em breve, e como queria ficar feliz. Era uma pena, mas teria de achar a
felicidade vivendo num poço de tristezas.</div>
LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-54811666229213567852013-12-31T20:02:00.000-03:002013-12-31T20:02:32.344-03:00Jasmim<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: inherit;">-
Essas flores, todas elas são tão sem personalidade, sem cores, perfume e graça.
Poderia substituir todas elas por grama que não faria diferença. As pétalas não
chamam atenção, não há motivos para que eu continue aqui.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> Foram as últimas palavras daquele
adolescente antes de mergulhar no mundo em busca de novas flores, cores,
perfumes e graça. Simples demais, há campos de flores em qualquer lugar desse
mundo. Não seria nada difícil encontrar o que aquele jovem estava procurando.
E, de fato, não era difícil encontrar flores por aí, a dificuldade estava em
agradar permanentemente aquele andarilho, enjoava das flores com uma facilidade
quase tão grande quanto achar as novas flores. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> Não havia perfume em pétalas que o
prendesse. As flores o agradavam numa primeira visão, mas não levava tempo para
que deixasse de lado e se aventurasse novamente. Caminhava sob a luz do Sol em
busca de campos que nunca havia ouvido falar, de flores que, ao que parecia,
apenas sua imaginação conhecia. E, por seguir sua imaginação, perambulou por esse mundo como
pouquíssimos já fizeram. Sempre fazendo amizades por onde passava, afinal, não
há quem suporte viver sozinho por tanto tempo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> E, com direções recebidas de uma
dessas amizades, seguiu por um longo caminho em direção a um campo onde,
supostamente, as flores eram como os sonhos que a grande maioria das pessoas
tinha. As flores desse lugar podiam ouvir os que por ali passavam, era o que
diziam. Besteira, claro, mas arriscaria de qualquer forma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> Quando finalmente chegou, percebeu
toda a beleza daquelas flores, sentiu o perfume que era exalado por todas
aquelas que ali estavam. Encantou-se, como sempre fez quando chegava a um lugar
novo, nada que garantisse que ali estavam as pétalas que procurava. Permaneceu
por alguns dias, acampou e esperou até que enjoasse daquele lugar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> Após alguns dias, começou a arrumar
suas coisas, estava partindo, seguindo novamente a sua imaginação. E, no
momento que colocou o pé na trilha que o levara ali, decidiu dar meia volta.
“As flores nos ouvem, por que não falar com elas?” Sentou-se do lado das flores
que mais lhe chamavam atenção e recitou alguns versos que tinha na cabeça.
Esperou por um tempo e, para sua surpresa, as flores moldaram-se de acordo com
o sentimento das palavras que ouviam. Era curioso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> Esses acontecimentos fizeram que
ficasse ali por muito mais tempo, sempre moldando as flores com palavras para
ver se tomavam a cara que queria. Nunca se satisfazia e sempre mudava a cara
daqueles campos. Até que, certo dia, ou melhor, certa noite, estava com a
cabeça repleta de pensamentos, não bons, mas não ruins, pensamentos
indefinidos. Dormiu com o cérebro povoado e falou uma infinidade de palavras
enquanto dormia, palavras essas que estavam presas em seu subconsciente. Estas
moldaram as flores para algo extremamente novo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> Acordou e maravilhou-se pela beleza
que seu inconsciente gerou. Alcançara o campo que tanto imaginou sem entender
como. As flores ali pareciam uma espécie de Jasmim, eram belas, tinham um perfume
hipnotizante e cores deslumbrantes. Não existiam motivos para que saísse dali.
Com os Jasmins casou e com elas sua vida beirava a perfeição. Não se sabe, mas
pode ser que tenha sido feliz para sempre.</span><u style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><o:p></o:p></u></div>
LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-17581228298107852632013-06-17T03:15:00.003-03:002013-08-04T02:53:33.176-03:00Palavra<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Ora, quem
disse que um dia sentiria tanta falta assim? Amiga, onde está?
Apareça, mas faça isso logo, sinto falta de você como sinto de
pouquíssimas coisas. Amiga, onde está? Disse que iria ali e que
logo voltaria, deixou-me nos vales dessa vida caminhando
sozinho, sem inspiração ou algo parecido. Amiga, não consigo te
ver por perto, estará bem? Está com frio? Como tem dormido? Que
falta sinto do que falávamos no meio da noite, que saudade dos
tempos que estava na minha mão sempre que eu precisasse. Amiga, onde
está? Está se agasalhando bem? Com quem pode estar agora? Olho para
o céu e tudo o que vejo é você, onde estão seus pés? Com quem
poderia estar por todo esse tempo? Sei que não me abandonaria sem
explicação, por isso, espero o tempo que for necessário para ter
você na mão mais uma vez. Amiga, sei que me amou, então, qual
seria a razão de tudo isso? Também te amo e admito que sem você
sou apenas mais um no meio de milhares que estão por aí. Palavra,
por favor, volte logo para sermos felizes como nunca e possamos
produzir como sempre. </div>
LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-28591095249126336272012-08-20T23:51:00.001-03:002012-08-20T23:51:57.512-03:00ArqueologiaNascer, crescer, envelhecer e morrer. Estava quase completando esse ciclo quando memórias de tempos áureos não paravam de caminhar de um lado para o outro em sua mente e em seus sonhos. Lembrava dos tempos de arqueologia quando costumava encontrar muitas coisas curiosas e outras nem tanto. Entre essas tais coisas, havia uma que nunca saiu de sua cabeça. Estava caminhando no meio de uma terra seca com um clima de deserto, mesmo havendo vegetação na área. Sabia que iria encontrar alguma coisa ali, mas não imaginou que fosse algo que seria tão marcante. Ia caminhando no meio daquela aridez e da vegetação rasteira. Avistou o asfalto e percebeu que estava chegando perto. Mas, chegando perto do que? Pegou o binóculo de dentro da mochila e percebeu algo no horizonte, uma espécie de construção. Foi chegando mais perto e percebeu um prédio caindo aos pedaços, olhou para cima, contou o número de andares e aí estava um problema dentre muitos de suas memórias errantes. Não conseguia lembrar o número exato de andares que tinha aquele prédio nem o material de que era feito. O arqueólogo apenas adentrou os domínios daquela construção.<br />
<br />
Aquele pobre idoso era taxado de louco por seus filhos, por dizer coisas absurdas sobre os tempos de arqueólogo que não faziam sentido algum. Coisas como ter visto espíritos nas construções que visitava, ou por insistir que conseguia ver o futuro das pessoas que olhava. Um dom? Ou apenas um quadro estranho de esquizofrenia? Alguns achavam isso, outros achavam aquilo. O certo é que nada havia de certo sobre aquele velho, não importava o que afirmavam os médicos, ou os antigos colegas de profissão, sempre houve e sempre haverá essa dúvida sobre aquele indivíduo.<br />
<br />
Aquela construção era realmente apaixonante. Era, razoavelmente, alta e com um grande terreno plano ao seu redor. O arqueólogo invadiu o terreno daquela imponente beleza e avistou no centro algo que parecia ser um banco. Estava cansado da jornada que fez para chegar até ali, logo, caminhou rumo ao assento e acomodou-se. Tirou uma garrafa de água da mochila, molhou a garganta e começou a olhar ao seu redor. Percebendo o grande espaço que tinha por ali, começou a imaginar o que acontecia lá quando pessoas ainda moravam por ali. Fechou os olhos e os manteve assim por um considerável período de tempo. Sentiu a brisa que passava por ali e o sol batendo em sua pele, até decidir abrir os olhos e ter a visão de como aquele lugar era nos tempos de habitação. <br />
<br />
O pobre velho tinha sido jogado em um asilo pelos filhos. Suas histórias e contos não os interessavam mais. Achavam que era tudo uma grande besteira e que sua loucura poderia contagiar os netos. Enfim, nunca pararam para prestar atenção no que aquele pobre tinha para dizer, apenas se livraram dele da maneira mais fácil e conveniente que acharam. Tiraram dele as coisas que ele mais dava valor: a falta de rotina que sempre fez parte de sua vida e a boa conversa que sempre teve com seus antigos colegas sobre as descobertas e aventuras que tiveram juntos.<br />
<br />
O arqueólogo conseguia ver claramente todos os espíritos de todas as pessoas que habitaram aquele local em uma determinada época. Ficou fascinado com a simplicidade e a felicidade de quase todos por ali. Procurava algo ali que pudesse ter um significado maior do que tudo que já tinha conseguido. Procurou e nada achou. Depois de um curto período de tempo, percebeu que um dos espíritos o encarava de uma maneira completamente fora do normal, afinal, eles não estavam realmente naquele lugar, eram nada mais nada menos que visões. Aquele espírito tinha a aparência de uma garotinha, e o olhava como se suspeitasse de alguma coisa, era inacreditável o que estava acontecendo.<br />
<br />
No asilo, as visitas eram raras e tinha de se contentar com a solidão. Não gostava nenhum pouco daquele lugar, mas aquele lugar gostava muito dele. Muitos dos ali presentes gostavam de escutar suas histórias e aventuras. Porém, ele não ligava para aquilo, tudo que queria era rever os netos e deixar de ser taxado de louco pelos próprios filhos, aqueles mesmos que ele alimentou e educou durante longos anos. Achava inaceitável que fosse odiado pelos filhos que tanto amou e amado por pessoas que ele nunca tinha visto antes. Esquecido, era assim que se sentia.<br />
<br />
Estava fascinado pela garotinha que o encarava, olhava fixamente para os olhos dela como se tentasse ver o que aconteceu com ela naquele lugar em um diferente tempo. Era uma tentativa inútil, não conseguia ver nada, apenas a olhava e nada além disso. Quem seria capaz de fazer alguma outra coisa? Uma pena que sua idade não permitia que lembrasse de muitos detalhes sobre aquela pequena garota. Momentos depois, a menina apontou o dedo para o seu rosto e começou a chamar os outros espíritos que os cercavam. Estes começaram a observar a ação da menina por um certo tempo até que todos voltaram a fazer o que faziam e deixando de lado a pequena criança . Alguém que parecia ser a mãe da menina chegou e começou a puxá-la pelo braço como quem diz que já estava na hora de ir pra casa.<br />
<br />
Meses se passaram naquele maldito asilo e fez um punhado de amigos por lá, mas, mesmo assim, continuava a detestar o lugar e, por sua vez, o lugar continuava a amá-lo. Aquele ambiente apenas representava a exclusão pro pobre idoso, o esquecimento e a desgraça da rotina que nunca o assombrou, mas o fez nesses últimos meses. Era tedioso, era chato, era tudo que não gostava. As visitas de seus filhos e netos continuavam cada vez mais raras e isso era o que mais lamentava. Não conseguia entender o motivo de tamanha indiferença por parte deles. Sempre foi muito atencioso e presente e fazem tudo isso por acharem que era um louco? Era uma grande injustiça e achava que um dia poderia entender aquilo.<br />
<br />
Assistiu a menininha partir com sua suposta mãe com lágrimas nos olhos. Não era pra menos, nunca havia visto nada que chegasse perto da magnitude daquilo em nenhuma de suas viagens. A garotinha olhou para trás e tirou o gorro vermelho que usava e o jogou no chão enquanto mantinha contato visual com o arqueólogo. O aventureiro decidiu fechar os olhos de novo por um razoável período de tempo e depois que os abriu não via mais aqueles espíritos. Caminhou até o lugar onde, supostamente aquele misterioso espírito havia deixado o gorro cair e começou a cavar. Depois de um longo tempo, não encontrou aquele gorro vermelho e sim um pedaço de tecido vermelho. Decidiu sair dali logo em seguida para poder voltar para casa e guardar o mais novo e, por que não dizer, mais precioso de todos os bens que já havia adquirido em uma expedição. Realizou a viagem de volta para casa e colocou aquele velho pedaço de tecido em uma maleta.<br />
<br />
Mais alguns meses se passaram no asilo e, com essas lembranças povoando seu cérebro, não parava de pensar naquela menininha que o encarou há muito tempo e no velho pedaço de tecido que guardava. Foi até sua maleta e deu uma olhada naquele tecido, o que provava que de louco ele pouco tinha. E sobre aquela garotinha, continuava pensando o que havia acontecido com ela, o que ela se tornou, o que gostava de fazer, e sobre a vida como era a vida em família daquela fascinante criança. O que seria ela? Será que tinha algum dom parecido com o do velho arqueólogo? Mas como ela podia ver que alguém estaria ali e poderia vê-la depois de tanto tempo? O pobre idoso estava sofrendo com aquilo, não só com aquilo, mas também com uma grave doença. Sabia que a morte estava próxima e que não demoraria muito para partir.<br />
<br />
Não pensava em nada, apenas na garotinha, quando, de repente, todos os seus filhos e netos apareceram. Todos sabiam que o idoso estava morrendo e que não demoraria muito para que acontecesse. Conversaram por um longo tempo. Os filhos todos sabiam que não poderiam mais vê-lo em breve, os netos eram muito novos pra entender que não veriam mais o avô em pouco tempo. A conversa seguia até que o velho arqueólogo chamou o mais velho dos filhos para perto e susurrou em seu ouvido toda a história sobre aquela pequena menina.<br />
<br />
- Filho, te diria onde minha maleta está, mas não consigo lembrar onde a coloquei. Procure-a e se pergunte novamente se sou louco. - Finalizou o arqueólogo.<br />
<br />
Nunca havia levado as histórias de seu pai a sério, mas por ser o último desejo dele, prometeu que iria em busca da maleta, e torceria para que estivesse errado quanto ao julgamento que sempre teve de seu próprio pai.<br />
<br />
Nascer, crescer, envelhecer e morrer. É o ciclo natural de todas as coisas que existem nesse doce planeta Terra. O velho decidiu fechar os olhos pela última vez por um considerável período de tempo.<br />
<br />
- Envelheceu e me deve muitas respostas. - Sim, esse foi o último pensamento daquele velho enquanto encarava alguem que ninguém mais conseguia ver ou sentir.<br />
<br />
Passou seus ultimos minutos assim, pensando em que perguntas poderia fazer. Pensou e pensou...<br />
até que as lágrimas predominaram em toda a sala. Seu ciclo estava completo.<br />
<br />
...LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-2366595001924456992012-07-13T02:02:00.000-03:002012-07-13T02:02:00.305-03:00Dia<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Era um dia daqueles que os olhos não parecem olhos, estão mais para algum tipo de nascente. Era um dia que se percebia o quão apaixonado está o Sol pela Lua. Um dia que os pássaros cantavam uma melodia não muito comum que fortalecia lembranças. Não era um dia bonito, não era feio, era estranho, esquisito, assim, incomum mesmo. Bom, ruim, sabe-se lá o que achar de dias assim. Noites...<br />
<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>E com a pouca luz que o Sol mandava, percebiam-se estrelas em todo o céu. E as tais estrelas lembravam olhares que há tempo não são vistos. Não estava claro, não estava escuro, luminosidade suficiente para apreciar constelações, observar vaga-lumes e lembrar de coisas que já foram/são importantes. Não era necessário muito, apenas, caíam as pálpebras e os olhos se fechavam. Tudo calmo agora.<br />
<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Agora, um vaga-lume, devagar vagava, divagava, voava em devaneios, chorava sem motivo e com toda a razão. A vaga que mais quis se foi, pode voltar, mas não sabe onde guardou a fé nisso. Não seca os olhos, sabe que não adianta, ficarão molhados novamente. Não segura as lágrimas, queria pode ignorar tudo com os outros fazem, não consegue, tem o coração sensível demais, encontra-se aos prantos com alguma frequência. Julgava-se forte, e percebe que sempre esteve enganado.<br />
<br />
<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Madrugadas, voltaram a ser solitárias, ainda está se reacostumando a isso. Voltou a olhar o céu e jogar palavras no papel. Voltaram as histórias tristes de outros tempos, sua origem, sua inspiração. Tornou-se novamente aquele homem solitário da noite, inspirado por histórias diferentes. Assobia e não obtem resposta, assobia e lembra das pequenas frutas, assobia, abre os olhos e nao consegue ver nada.<br />
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<span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Alimentou-se de ilusões, acreditou que conseguiria, e hoje alimenta-se de esperanças pequenas, tem fé em coisas improváveis. É uma pequena luz apaixonada por uma luz ofuscante, um vaga-lume apaixonado pelo Sol. E tudo que esse vaga-lume quer é virar Lua e deixar o platonismo de lado. Assim, desejo-lhe uma boa sorte.<br />LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-52554946030371380482012-06-18T20:15:00.002-03:002015-02-24T23:46:39.632-03:00InfinitoDentre as incompreensões humanas, podemos falar do infinito. Sabe-se que é algo muito grande, mas quão grande seria o tal? Não se sabe, não há como saber. O infinito cresce junto com a imaginação, não havendo limites para esta, o limite daquele também se torna impossível. Poderia falar mais, contudo, não vejo razões para debater a incompreensão. Porém, quem sou eu para decidir o que debater? Eu sou apenas uma criança que teve suas definições sobre algumas coisas alteradas completamente de um tempo pra cá. Achei que sabia o que era a felicidade, mas nunca na minha vida me senti tão feliz quanto quando estou ao seu lado, pensei conhecer a saudade e notei que nunca soube o que era saudade até ficar algumas horas sem poder ouvir sua voz, algumas horas sem poder olhar diretamente em seus olhos, enfim, alguns míseros minutos depois que se ausentasse. Você não seria capaz de entender o que eu sinto, eu queria que pudesse, mas não pode. Com você longe, a saudade é descomunal, algo que não consigo explicar. Agora, estar perto de você, a alegria, a felicidade, também são incompreensíveis, porque elas variam de acordo com a imaginação, elas se encaixam perfeitamente na definição de infinito.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02269768072790613291noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-87070544843140285692012-06-14T03:46:00.000-03:002012-06-14T03:46:02.825-03:00BagunçaÉ tudo uma bagunça, é tudo um tumulto e tá tudo arrumadinho. Aqui, ali e todo lugar. Arruma ali, ajeita aqui e, olhem, são pessoas arrumadas. Sorrisos lindos, fotos, sabe-se lá o que vão fazer. Batem asas rumo à diversões efêmeras, vai entender. Estão juntas, negam a natureza da solidão humana, bom ver coisas assim. Estão ajeitadas, mas seus cérebros, poluídos. Não se importe, estão belos, o que mais tem importância? Deixem-lhes semear o pseudo-amor que tomou conta de todos. Colírios e látex, pra que combinação melhor? Estão certos, porém...<br />
Bom......<br />
Prefiro manter-me na minha bagunça.LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-29309009618609082732012-06-12T04:52:00.000-03:002012-06-12T04:52:00.278-03:00Vaga-lumes [3]Esquisito, não era acostumado a dividir momentos como aqueles com outras pessoas. Na verdade, não dividia nada com ninguém, não confiava em ninguém.Salvo algumas raras exceções no decorrer da vida, sentia a língua presa ao falar com outros humanos, não conseguia, não saía uma palavra sequer da sua boca. E agora, há uma estranha ao seu lado e... ela gosta de vaga-lumes? Era uma bela estranha, ou pelo menos parecia ser. Era uma situação d..<br />
- O que fazes aqui a essa hora?<br />
- Não sei ao certo, alguma coisa me atormenta, não consigo dormir, decidi vir aqui como faço em situações assim.<br />
- Menino, és estranho.<br />
- Estranho... todos somos um pouco.<br />
- Verdade. E o que te incomodas a ponto de tirar-te o sono?<br />
- Não sei. Padeço por coisas que não acontecem, que poderiam ter acontecido.<br />
- Sofres por antecipação, isso está errado.<br />
- Talvez esteja, mas criar expectativas sobre certas coisas é inevitável.<br />
- Estás certo mais uma vez.<br />
- E tu, que fazes aqui?<br />
- Queria ver esses pequenos insetos. São minha paixão<br />
- São belos, não julgam, te ajudam. Fazes bem ao amá-los.<br />
.<br />
.<br />
.<br />
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- Menino, gostei de ti. Está tarde, devo ir. Amanhã te vejo aqui?<br />
- . . .<br />
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...LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-66370248571869253162012-06-09T15:48:00.002-03:002012-06-09T15:48:48.211-03:00Vaga-lumes [2]- Meus amiguinhos, há muito não nos falamos, estava ocupado a sonhar aquelas coisas que nunca se realizarão. Lembrava do brilho de vocês todos os dias, sempre querendo vir falar. Cansei-me das pessoas, elas tem um julgamento errado sobre muitas coisas. Queria poder voar e iluminar um pouquinho a noite como fazem. Não sei exatamente o que fazer agora, estou perdido nesse mundo louco, costumam falar que não me encaixo na história, sou antiquado. Bom, ja comentei disso com vocês algumas vezes, devem estar cansados de ouvir isso. Falemos de outras coisas e...<br />
Seguiria o raciocínio, mas ouviu alguns passos que pareciam ir na direção de onde estava.<br />
- Quem está aí?<br />
- Apenas uma apaixonada por pequenas luzes, apaixonada por esses pequenos vaga-lumes. Me chamo...<br />
- Poupe-me do nome, eles não são importantes.<br />
Eram dois apaixonados por pequenas coisas ali, iam àquele campo com uma frequência razoável e nunca haviam se falado. Seguiam mudos, observando os insetos, sem saberem os nomes um do outro, afinal, eles não eram importantes. Queria acreditar nisso...LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-86137973556366645642012-06-07T14:20:00.004-03:002012-06-09T13:13:52.057-03:00Vaga-lumes [1]Há muito tempo, numa pequena vila, existiam várias histórias sobre vilões, heróis, pessoas boas, pessoas ruins, muitos mitos e algumas verdades. E era nessa vila que morava um garoto, um daqueles que não se encaixam bem na história. Não era gordo, não era magro, não era bonito, não era feio, não era alto nem baixo, não era nada. Acostumou-se a ser gentil com todas as pessoas, mesmo as mais horríveis, embora não ligasse muito para elas. Chorava às vezes, era bem sensível, lacrimejava por coisas estúpidas, histórias tristes e cantos depressivos. Era apaixonado por coisas pequenas, vaga-lumes e sonhos, coisas assim. Sonhos, sua mente era infestada deles, uma praga, pois nunca achava que iria realizar um deles sequer. Tinha muitos princípios, seguia à risca todos eles, por isso, muitos o julgavam estúpido, apenas por acharem que ele se prendia a coisas que não pertenciam mais ao tempo que viviam. Era idiota, estúpido, taxado assim apenas por ser bondoso. Quais sonhos realizar assim?LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-42124768002502999732012-06-01T13:00:00.000-03:002012-06-01T22:36:03.186-03:00Olhos FechadosLá vem a chuva, no mesmo horário de sempre, encher as ruas de lágrimas e lotar muitas cabeças de dúvidas. Sob chuva, sob neve, enfim, não importava muito desde que estivesse ali. Continua dormindo e eu pensando o que povoa seus sonhos que possa trazer sua alegria, o que existe em seus pesadelos para que se assuste tanto. Olhos fechados, belos sonhos, e tudo que há como desejo resume-se a um beijo. Seguir em frente e logo parar, nao pode acordar, controlar as vontades... "O que há?" Então vamos voltar e ter mais do que queremos. E as lágrimas seguem caindo na rua e todas essas coisas na minha cabeça. Olhos fechados... Consegue sentir a distância? Ja sentiu a distância? Poderemos seguir juntos? Continua dormindo e meu coração se partindo... Um amor em vão forte assim? Ouça o barulho... um outro rio salgado. Tentar passar do limite agora? Justo agora? Essa tempestade limpa meus medos, apenas ouça. Talvez esteja sendo duro demais, peço perdão por isso. Estou melhorando por você, quem sabe um dia poderemos caminhar juntos por aí, de mãos dadas, como o amor pressupõe. Olhos fechados, belos sonhos, belas lembranças... E o desejo é de apenas um beijo...Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/02269768072790613291noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-92059868954972424142012-05-15T02:09:00.000-03:002012-05-15T02:09:01.141-03:00O Soldado Solitário [3]Segue sem sabedoria, sumindo, sem direção. Os olhos já estão feridos, o cheiro de pólvora de outros tempos voltou a ser percebido. Os gritos de suas vítimas, mais uma vez, ecoam em sua cabeça, e tudo isso apenas por fazer o que queriam que fizessem. Seu anjo já está descrente em sua volta para casa, e nada mais certo, para aquele velho, seu lar já não existia mais. Queria encontrar alguma coisa ali, mesmo com o pleno conhecimento que isso não estava lá.<br />
<br />
Depois de todo esse tempo, decidiu prestar atenção a si mesmo, sua carne não era a mesma, sua mente estava completamente diferente, efeitos da total solidão que encontrava naquele purgatório. Purgatório? Então... Era uma possibilidade, como alguém com tanto podia simplesmente ignorar toda a vida que o cercava? Um lar, uma família, podia um vivo ser tão indiferente a isso? E todas essas ilusões? Parte de algum castigo? Os gritos, as vozes, o caminho sem fim, o tesouro que não existe, seria isso? Não, ele não queria acreditar nisso.<br />
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"O que estou fazendo aqui exatamente? Não há motivo pra isso, por que ser tão teimoso?"<br />
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- E agora é tarde demais.<br />
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- O que?<br />
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- Já definiu suas escolhas, não pode simplesmente voltar atrás e refazer sua vida. Aceite as consequências.<br />
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- Não posso simplesmente ser passivo a isso, quem você pensa que é?<br />
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- O responsável por toda a sua confusão e toda a sua estupidez.<br />
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E com a consciência de que estava condenado, decidiu apenas se entregar, não havia nada que pudesse dar esperança àquele velho soldado, sua família era passado agora, vão se acostumar a isso. Seus filhos, crescerão sem lembranças do pai. E sobre seu Anjo... Tentava seguir sua voz, no meio de todas aquelas que ecoavam em sua cabeça, sabendo, com total certeza, que deixaria de existir, assim como anjos e milagres deixaram de existir. <br />
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<br />LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7067164221358933632.post-15942568628572113682012-03-25T19:22:00.001-03:002012-03-25T19:26:39.404-03:00O Soldado Solitário [2]Vamos, continua não sendo estranho. É o mesmo cenário, mas, desta vez, não há as corriqueiras explosões de tempos atrás. Vá soldado, as coisas que tinham de ser feitas por aqui ja terminaram, volte pra casa, volte pras asas do seu anjo. Você sabe muito bem que ela te aguarda ansiosamente apenas para poder tocar seus lábios novamente, sussurar mais uma vez no seu ouvido, poder te falar de novo como foi o dia e os planos para o dia seguinte. Vá, sequer sabe o que está procurando por essas terras abandonadas, volte para seu lar, seja feliz novamente.<br />
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Ainda existe um caminho a percorrer, não podia simplesmente abandoná-lo na metade. Está com medo do que pode vir a seguir e, mesmo assim, segue rumo ao desconhecido daquele velho palco.Vai vagando em vão, como vermes e vilões, vil e voraz. Segue sensível e sensato, atento às vicissitudes da vida, sabendo sem saber se seu cérebro segue são ou se enlouqueceu. Solitário, sozinho e sonolento, passo a passo, segue seguindo.<br />
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Todas essa ilusões estão deixando o pobre soldado louco e ele não tem ajuda. "Vamos, vamos, quem sempre me ajudava nessas horas?":<br />
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- Por que toda essa demora? Um lar te espera.<br />
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- O que? Quem? Não pode...<br />
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- Desista disso, você sabe que por mais que caminhe, jamais chegará aonde quer.<br />
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- E quem seria você para me dizer o que fazer? Apenas mais uma dessas todas.<br />
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- Acredite no que quiser, apenas quero seu bem e sei que estaria muito melhor aqui.<br />
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- Mas como? Essa voz, não dá...<br />
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- Deixe de negar os fatos. Você sabe, eu sei que sabe. Por que lutar tanto contra?<br />
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- Apenas me deixe pensar, nao estou certo quanto a nada.<br />
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- Siga suas vontades, esqueça todo o resto.<br />
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Anjo, lindo anjo, não pode eliminar todas as dúvidas existentes na cabeça desse pobre louco. Sozinho, assim é melhor para ele agora, tente ignorar. Já percebeu que ele não dará ouvidos a ninguém. Apenas se preocupe e o ame desse jeito. Mesmo sem perceber, ele se sentirá melhor assim...LCSousahttp://www.blogger.com/profile/12333593249466432721noreply@blogger.com0