sábado, julho 10, 2010

O mundo de Jonny [6]: A Torre da Covardia e a despedida.

E lá estávamos rumo aquela construção torta, diferente de qualquer contrução que ja tinha visto. Dava pra perceber que os espíritos que faziam aquele belo espetáculo no céu, quando chegavam perto daquela espécie de torre, ficavam desordenados e, devido a isso, a combinação de luzes perto do topo daquele edifício era bastante confusa, mais do que o usual.

Quando chegamos mais perto, percebi que muita coisa saía daquela torre e passava a constituir a paisagem daquele mundo. Depois de ver isso, entendi o motivo das paisagens mudarem tão radicalmente tão de repente.

- Jonny, o que é essa torre aí?
- Não sei ao certo acredito que todo esse mundo surgiu a partir daí. Muitas coisas que constituem esse mundo saem daí. E não dá pra entender a lógica das escolhas dessa torre.
- E como é que vocês chamam essa torre?
- Muitos chamam de torre da covardia.
- Por que um nome tão... tão... sei lá, negativo?
- Simples, a torre faz o que ela quiser com nosso mundo, nada nem ninguém pode fazer alguma coisa para impedi-la de fazer algo negativo. Devido a isso, muitas de nossas paisagens foram dizimadas. Creio que não deve demorar muito para a floresta de vagalumes sumir também.
- E a planície de sonhos perdidos?
- A planície eu não sei. Ela parece ser um pouco diferente, enquanto existirem pessoas que sofram por causa dos sonhos e pesadelos, acho que a torre não deve destruí-la.
- E existe alguém ou algo que controla a vontade e as ações da torre?
- Existe sim. Costumam chamá-los de sonhadores covardes. Acho esse nome impróprio porque a maioria dos controladores da torre a controlam sem saber o que estão fazendo
- Então, quase tudo aqui foi formado de maneira inconsciente?
- Sim, Léo. Esse mundo foi formado por sonhos e pesadelos originados por seres de outros mundos e ninguém tem controle sobre o que sonha. Esse é um dos motivos de paisagens tão belas estarem em contraste com algumas tão medonhas. Belas paisagens provém de sonhos que refletem a felicidade dos sonhadores, as outras devem ser reflexos de pesadelos. Todos esses sentimentos presentesnos sonhos, passam para esse mundo através da torre.
- Nossa, não tinha pensado nisso. e a gente vai entrar na torre ou não?
- Tem certeza? Podem existir surpresas desagradáveis.
- Não importa - disse enquanto estava entrando.
- Calma Léo - falou enquanto me acompanhava porta adentro.
-  Eita Jonny, tá escuro demais aqui - bastou falar para que as luzes se acendessem sozinhas.
- Pronto, agora deve dar pra ver alguma coisa.
- Então vamos.

Começamos a andar na torre procurando coisas que nem queríamos achar, coisas que não tínhamos certeza da existência. Era perceptível que aquela era a primeira vez de Jonny dentro da torre. A torre era um grande vazio, todos os compartimentos estavam vazios e quase todos não eram divididos por portas ou algo parecido. Quando chegamos no que parecia ser o último andar, havia uma espécie de cômodo com uma porta meio estranha. (Acho que a única porta fora a da entrada)

- E aí Jonny, entramos ou não?
- Léo, eu não subi uns 200 andares pra parar por aqui.
- Tá certo então - disse abrindo a porta - Poxa Jonny, não tem nada aqui assim como em todos os outros lugares.
- Não, não. Aqui tem uma quantidade considerável de espelhos.
- Bem verdade, mas presta atenção nos reflexos.
- Que que tem?
- Jonny, você não aparece nos reflexos.
- Putz, é mesmo. Será que isso quer dizer alguma coisa
- Talvez esses reflexos estejam dizendo que eu sou um desses sonhadores covardes, um desses controladores da Torre da Covardia, um dos responsáveis por dizimar algumas paisagens de tempos em tempos.
- Ei Léo, não desanima. Se quiser sair daqui...
- É melhor né Jonny.
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- Pronto Léo, já tamo fora dessa torre.
- Jonny, acho que você não entendeu. Eu quero ir embora desse mundo.
- Ei calma aí. Só por causa da torre?
- Talvez. Nao me sinto bem aqui sabendo que causo mudanças tão radicais pros seres que aqui vivem.
- É o que realmente quer? Ainda existem alguns lugares onde podemos ir.
- Não Jonny, é melhor voltar pra casa. Chega de me esconder num mundo tão irreal assim, um mundo tão influenciado por sonhos e pesadelos.
- Mas Léo, não é tão ruim assim...
- Jonny, sério mesmo, tá na hora de eu encarar a realidade. Mesmo esta sendo tão cruel e muitas vezes destrua tudo com o que sonhamos e faça com que nossas esperanças morram. Tá na hora de aceitar todo esse sofrimento e começar a torcer para que as coisas mudem pra melhor no meu mundo. E fica sabendo, desde já peço desculpas pelo que posso vir a fazer com seu mundo.
- Tá bem Léo, de volta a realidade.

Não sei o que jonny fez, lembro que o ultimo movimento dele foi um estalo de dedos e então, me vi deitado em minha cama sozinho. " Foi um sonho? Mas que sonho mais real foi esse?" talvez fosse hora de saber que os sonhos também podem ser cruéis, assim como nossa realidade costuma ser muitas vezes.

Decidi me levantar e procurar o Jonny. Não demorou muito para que eu o encontrasse. Ele estava lá no lugar preferido dele, sentado, olhando para o horizonte, imaginando coisas como sempre faz

- E então Léo, como você tá?
- Um pouco estranho.
- Acontece mesmo. Quase ninguém se sente normal depois de enfrentar um choque tão grande entre o imaginário e o real.
- Então quer dizer que não foi um sonho apenas?
- Não sei, pareceu um sonho pra você?
- Não muito.
- Afinal, quais são os limites entre o mundo real e o mundo dos sonhos? Ninguém pode explicar e, talvez por isso, não sabemos se foi sonho ou realidade.
- É né Jonny. Pode ter um certo sentido isso.
- Ah Léo, esquece isso e senta aí.
- Tá certo

E lá ficamos durante horas, falando besteiras, sem se importar muito com o que acontece, afinal, é isso que bons amigos devem fazer, ou eu estou errado?

sexta-feira, julho 09, 2010

O mundo de Jonny [5]: As emoções no mundo de Jonny

E lá estava eu, sozinho e um pouco desesperado. Não havia sinal algum de Jonny. Decidi, então, tentar achar uma saída sozinho mesmo. Aquele era, sem dúvida alguma, o lugar mais estranho de todos. Não havia luz nem sinal de vida por perto, o chão era completamente branco, sem imperfeição alguma, não sei se podia chamar aquilo de céu, mas era completamente branco também. Tudo, tudo mesmo, era branco. Não dava nem pra ter uma noção de que horas eram.

O que fazer? Ficar parado não iria levar a nada, então decidi começar a caminhar. Estava dando passos lentos para ter mais tempo para tentar entender aquela coisa. Após algum tempo, comecei a ouvir sonsde pouca intensidade e decidi ir em direção a eles. Pensei que estava indo ao encontro de algumas pessoas e iria, finalmente, saber como sair dali. De repente, bati em uma espécie de barreira invísivel, uma espécie de vidro. Do outro lado do ''vidro'' conseguia ver uns seres de tamanho razoável, uns maiores que outros.

Fiquei um bom tempo observando-os até que perdi a paciênciae comecei a dar socos no ''vidro''. Percebi que, à medida que dava socos no vidro, um dos seres lá do outro ladocomeçava a crescer. Continuou crescendo até que chegou a uma escala gigantesca. Confesso que naquele momento me assustei bastante e, devido ao medo, me acalmei um pouco e parei de socar aquela barreira.

- É fascinante como podemos nos assustar com nossas próprias personalidades não?
- Jonny? - eu disse olhando para o lado- Pera um pouco, você não é o Jonny, você é... é... é... você... sou eu?
- Sim, sim. Por isso acho que não preciso me apresentar. Acho que você já se/me conhece.
- Hmmmmm, acho que sim.
- Então, o que faz aqui?
- Não sei ao certo, sei que estava com Jonny, caí num buraco e vim parar aqui. Estou procurando um jeito de sair daqui.
-Se quer sair daqui, por que tá aqui parado nesse negócio aqui?
- Nâo sei dizer, ouvi alguns sons vindos daqui e decidi segui-los. Então, devido a um momente de raiva e desespero, comecei a socar esse "vidro" e parei devido ao medo daquela coisa.
- Aquela ''coisa'' ali é a sua/nossa raiva, todos ali do outro lado representam suas/nossas emoções. quando a raiva dentro de você cresceu, a raiva lá dentro fez o mesmo.
- Agora faz um pouco de sentido
- E outra, interpretando o que eu to vendo por ali, as coisas não vão muito bem com a gente.
- Mas o que exatamente é que você tá vendo?
- Não me pergunte, apenas sinta e você poderá saber.

Fiquei um pouco tempo pensando até que vi muita coisa se desfazendo e vi Jonny me dando uns tapinhas no rosto:
- Ei Léo, acorda.
- Hmmm, que que aconteceu?
- Nada, você só bateu a cabeça e desmaiou.
- E onde é que a gente tá?
- Na floresta de vagalumes ainda. Estamos quase na saída.

Jonny me levou nas costas até a saída da floresta. Terminada a travessia da floresta, vi uma construção de proporções inacreditáveis ao longe. Estávamos indo em direção a ela. E lá estávamos................................

quinta-feira, julho 08, 2010

O mundo de Jonny [4]: A Floresta de Vagalumes.

E lá estávamos, caminhando rumo à forte luz que se destacava no horizonte. De longe, dava pra perceber que as luzes se alternavam, como em um enfeite de Natal. à medida que nos aproximávamos essa alternância ficava menos perceptível aos olhos.

- Jonny, que luz forte é aquela?
- É um dos lugares mais belos daqui. Aquela é a Floresta de Vagalumes. Ninguém sabe o motivo de tantos vagalumes formarem uma espécie de colônia e tudo ficar daquele jeito.
- Realmente, é muito bonito.
-  Toma cuidado quando entrar. O que tem de bonito tem de perigoso.


Depois desse aviso, entramos. Tudo dentro daquele lugar era bonito. Não era mais possível perceber a alternância entre as luzes e manter os olhos abertos era um pouco difícil. Era muito difícil acompanhar o Jonny com os olhos meio abertos.

- Ei Jonny, vai um pouco mais devagar aí.

Jonny não disse uma palavra sequer. Pouco depois, Jonny sumiu diante dos meus olhos. Era tudo uma ilusão. Decidi seguir algumas coisas que pareciam ser setas formadas pelo vagalumes para tentar encontrar a saída. Não dava pra distinguir aquelas formas direito e isso fazia com que seguir aquelas "setas" fosse um pouco complicado. Qual não é minha surpresa quando caio num buraco. Malditos Vagalumes.

Estava sozinho, havia perdido Jonny de vista. Percebi que fui parar num lugar completamente novo. Um pouco sem graça é verdade. Era meio estranho, todo ele era branco e sem aquelas luzes da floresta. Não havia nada, sinceramente nada, naquele lugar. Enfim, lá estava eu.....................

quarta-feira, julho 07, 2010

O mundo de Jonny [3]: A planície de sonhos perdidos.


... E lá estávamos, caminhando em um lugar aparentemente longe de tudo. Estávamos no meio de uma planície meio estranha. Algumas coisas mudavam de aparência sem que existisse alguma razão aparente. Com uma freqüência até razoável, surgiam alguma ilusões que faziam com que a distinção entre real e fantasioso fosse praticamente impossível.
- Jonny, que coisa estranha, de onde surgem essas ilusões todas?
- Não sei ao certo. Algumas pessoas dizem que são alguns espíritos que não vão compor aquele show de luzes do céu e querem confundir quem passa por aqui. Eu, particularmente, acho que as ilusões brotam de nossas cabeças. Percebe que a maior parte delas representa algo em que você está pensando ou já sonhou.
- Hmmm, não tinha percebido isso mas agora que você falou... Outra coisa, existe algum motivo para a maioria delas sumirem tão rapidamente?
- Bom , se elas somem rapidamente, eu acredito que seja algo que já desistimos de realizar. Sabendo que a maioria das coisas que você está vendo estão sumindo rapidamente, concluo que você não anda muito otimista e já desistiu de quase todos os seus sonhos e pensamentos.
- É Jonny, pode até ser que você esteja certo. Enfim, voltando as ilusões, você vê as mesmas que eu?
- Não, todos que passam por aqui vêem coisas diferentes. Cada um vê seus próprios sonhos e pensamentos e a maioria, assim como eu e você, vê a maioria das ilusões rapidamente.
- Então, a maioria das pessoas que passam por aqui são pessimistas em relação aos sonhos. Jonny, o que você costuma ver que não some com essa velocidade tão alta?
- Ultimamente, vejo um garoto que arranca o próprio coração do peito, um grupo de pessoas que eu acho que conheço mas eles formam um círculo e não me deixam entrar, algumas visões
mostram pessoas de luto e, com uma freqüência até alta, uma garota que faz de conta que eu não existo. E você?
- Tenho visto apenas uma visão de mim mesmo correndo atrás de um grupo de pessoas. Não sei exatamente o que significa.

Assim que terminei de falar, chegamos ao fim da planície e todas as ilusões pareceram se juntar e entrar em nossas cabeças. Seguimos andando até que avistamos uma luz muito forte no horizonte. Não sei para onde Jonny estava me levando mas sei que estávamos indo em direção aquela luz estranha no meio do nada.