segunda-feira, agosto 02, 2010

A queda de um tigre, o abandono de uma distração.

Era um dia bonito. Céu azul, pássaros cantando em todas as direções e eu tinha acordado com uma disposição bastante rara nos últimos tempos. Levantei-me da cama, fiz o que todos fazem antes de sair de casa e fui procurar o meu conselheiro, o famoso tigre de bengala velho, também conhecido como Tigre Ancião. Saí de casa com a felicidade que não me acompanhava há muito tempo. Estava tudo realmente muito bom, era um dia realmente muito alegre, um desses bem raros de se ver.

Eu estava até estranhando aquela felicidade toda, realmente algo muito estranho num passado recente. Claro que eu estava gostando mas não deixava de ser um acontecimento estranho. E lá estava eu caminhando rumo ao lar de meu conselheiro e amigo. A medida que ia me aproximando, as coisas pareciam mais tristes, pareciam sentir falta de alguma coisa bem importante, alguma coisa que lhes dava uma razão de existir e ser daquela maneira. Bem que tava demorando, tava tudo voltando ao normal assim, o costume não vai embora e o começo do dia foi só pra confundir minha cabeça. Eita maldita confusão boa que só. Enfim...

Até que enfim cheguei no querido lar do meu grande amigo. Onde ele está? O jeito é procurar né?!! Deve estar meditando em algum lugar. Vamo lá? Bora. E depois dessa intimação eu decidi ir, mesmo com a preguiça que tava batendo. É o jeito, um dia não é um dia sem um conselho básico daquele velho tigre oriundo de terras asiáticas. Aquele belo lar estava com um aspecto tão pra baixo. Tá me lembrando até..........eu. Não, não eu to tentando ser feliz agora chega de tristeza. Poxa pena que ela não vai embora. AAAAAA esquece disso e vamo procurar o tigre.

Cheguei numa sala e lá estava ele, estático e mudo. Soltei um baixo e tímido “oi”. Mas vc ta louco, não ta vendo que ele ta ocupado? To mas... Esquece isso, daqui a pouco vc fala com ele. Então decidi ir embora de fininho. Foi nessa hora que ele olhou pra mim e me disse para não ir embora. Disse para que eu sentasse ao seu lado e meditasse junto com ele. Ahhhhh! Que sensação agradável. Mas por que a tristeza em todas as partes daquele lugar outrora tão alegre? Eita ferro, será que é conveniente perguntar?? AAAAAA maldita dúvida. Relaxar, relaxar, é tudo que eu tinha que fazer.

- Então Léo, o que veio fazer aqui? Mais um conselho?

- Sim, não posso começar meu dia sem ele.

- Ai Léo, não pode viver com essa mente limitada, até porque não ficarei vivo por muito tempo terá que se acostumar a viver sem meus conselhos

- Ah mestre, creio que você ainda tem uma longa vida, me acostumo com isso aos poucos.




- Eu bem queria que fosse assim, minha vida está perto de acabar não aguento mais tanto tempo como imagina. Mas o que posso te dizer hoje é que você enxerga melhor que eu.

Depois disso um grande silencio dominou aquele velho, agradável e triste aposento. Muito estranho, estranho mesmo. Ixi, aquela agradável e relaxante sensação foi embora. Tensão e mais tensão. Continuei meditando de qualquer jeito, relaxar e relaxar. Mas como relaxar? Não dá, não dá mesmo. E agora que meu mestre não fala mais nada. Confusão, maldita confusão. Decidi então abrir os olhos um pouco.

Vi um idoso tigre sofrendo para respirar, dava pra sentir a força que seu coração fazia para continuar batendo. Ai ai, Não tá nada bem aqui. Tá ruim coisa. Fecho o olho de novo? Que nada. Mantive os olhos abertos até que vi a foice dela chegando. Ah não, mas já tá na hora mesmo? Sim sim, estava. Assim, o velho tigre se deitou.

- Léo, minha hora chegou. Não quero que fique triste. Siga sua vida normalmente e lembre-se que você sempre enxergou melhor que eu.

E sem resistência alguma, o velho mestre foi levado. Mas que papo era esse de enxergar melhor do que ele? Poxa, realmente não entendi o último conselho dele. Pelo menos eu consegui entender a tristeza toda daquele lugar. Tudo ali sabia que a hora do tigre chegaria naquele dia. E lá estava eu, triste , inconsolável. Sim, eu sei que ele falou pra eu não ficar triste mas eu vou fazer o que? Toda aquela alegria do dia virou tristeza de uma hora pra outra. De hoje em diante, que que eu vou fazer se não tenho mais de quem ouvir meus conselhos diários?

O jeito é seguir com isso que eu tenho chamado de vida. Mas e o blog? Se tudo era inspirado no que ele me dizia o que eu vou fazer com ele? Poxa não há outra alternativa se não deixa-lo de lado agora. Só desabafava nele mesmo pra ver se me sentia melhor. Agora que o mestre está em seu descanso eterno, arranjarei outro jeito de desabafar e também, eu nunca me senti melhor escrevendo essas coisas mesmo. Tristeza, maldita tristeza. Esta que povoa meu lado esquerdo do peito há tanto tempo. Onde está a alegria do começo daquele dia? Faz o seguinte: quando decidir aparecer, tenta ficar por um tempo um pouco considerável.



E assim, eu declaro encerrado a curta vida do Tigre Ancião, o Blog criado depois que recebi conselhos de um tigre enquanto caminhava por aí pelas ruas de Brasília.

Até a próxima.