terça-feira, junho 20, 2023

Demônios e memórias

 Certa vez, li, num livro famoso, sobre um ser que representava todo o mal que há. As pessoas tem medo dessa criatura até hoje. Demônio, assim o dizem. Nunca entendi o fato de temerem uma criatura presente num livro. Fingia entender, fingia sentir, mas isso nunca entrou na minha cabeça.

Minha cabeça, que tanto adoro, me proporciona belas memórias que são difíceis de se esquecer. Memórias não me largam e gosto de ter essas lembranças comigo. Mal sabia que a amo, com a mesma proporção que a odeio.

Por que temer criaturas imaginárias, se o maior dos demônios vive ao meu lado?

sexta-feira, novembro 18, 2022

Composição

 Como machuca essa saudade

fria maldade, fria frieza

sentimento na mesa, na cabeça

Que teça, novamente, o sentimento

solitário pensamento: aqui, solidão

Pega-me a mão e conduz

à ausência de luz 

que sozinho compus; tal maestria

que lia, não só um futuro

tão escuro, mas o passado

que, ao meu lado, parece sedutor

seu fulgor, porém, desapareceu

Sou só eu, só. A maldade,

pois, é saudade


E como machuca.

sábado, maio 16, 2020

Paixão Tímida


Acometido por sensações estranhas, observa o que se passa com tudo que pode ser. Piscadelas de angústia, batimentos de confusão. Vontade de esgueirar-se para suas janelas. Desejo... de um perfume, de uma voz, de liberdade.

As certezas são espancadas por prefixos. São tempos difíceis para os que se atrevem sonhar, mesmo que o façam tão bobamente quanto um clichê possa ser. São tempos difíceis para os que vivem uma pandemia de amor.

terça-feira, outubro 29, 2019

Monstros


Há histórias para todos os tipos de leitores. Há aquelas com palhaços e monstros. Há algumas felizes e outras que são pura destruição. Umas alegram, outras nem tanto. Todas enriquecem a alma e existem para todos os gostos.
Era bom vê-los, os sorrisos estavam presentes e todo o mundo sumira. Éramos nós apenas, e não houve nada mais agradável. A realidade fugira, estava longe, a fantasia tomara de conta. Formam-se conexões, fortalecem-se outras delas. Era bom tê-los.
Fantasias se desfazem, a realidade volta cruelmente e traz seus monstros com ela. Os monstros me assombram e me deixam sem ação. Tenho dúvidas quanto à minha força, pergunto-me sobre quem sou. Afinal, qual seria essa resposta? O que venho me tornando? Serei eu o pronome que aprendi a lidar? Realidade, fique longe, imploro-te. Chega de me assustar com suas verdades frias. Sinto frio e meus ossos todos se congelam, meu cérebro não me responde com a velocidade que me acostumei. Realidade, fique longe, por favor.
Engano-me, a realidade não é um ser que simplesmente pode ir embora, engano-me porque não sei o que faço nem o que farei. Meus monstros de estimação me pressionam, me deixam inapto para o que quer seja. Estou caminhando em círculos e minhas pegadas me incomodam. Esse desenho é um ciclo vicioso, que será que se tornará?
Onde está minha força de outrora? Aliás, tive força outrora?
Pergunto-me, o que andei fazendo, que sofrimentos venho causando, que cabeças estou bagunçando? Meus monstros internos me intimidam e me deixam incapacitado. Seria eu meus próprios monstros? Afinal, meu cérebro é o responsável por alimentar todos esses monstros? Apesar de tudo o que digo, afinal, o monstro sou eu?

sexta-feira, outubro 11, 2019

Labirinto

Chateio-me, entristeço por chatear-me, derrubo-me. Lembro-me, alegro-me, ergo-me. Chateio-me, escrevo-me, derrubo-me. Alegro-me, perco-me, procuro-me. Chateio-me, entristeço-me, odeio-me. Amo-me, entristeço por amar-me, derrubo-me.
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Erga-me? Alegra-me?