No jardim, as folhas mudavam de lugar, o vento
batia na árvore que ali estava, as folhas caíam e se arrastavam lentamente. O
sol já não estava alto, ia se por em uma ou duas horas, a temperatura era
agradável, era um belo dia, não era possível negar.
Sentou-se na varanda, levantou-se, caminhou, olhou
para as nuvens. O tempo estava fechando. Aquele era o dia do adeus, não sabia
como reagir, não sabia o que fazer ou o que dizer. Faria, diria, mas sem
consciência do que. O céu deixa de ser totalmente azul, o cinza toma parte
dele. Afinal, aquele era o dia e o céu não poderia estar em sua mais bela
forma. Sentou-se novamente e esperou.
Ao longe, via a pessoa que tanto queria, ela se
dirigia à sua casa eram poucos os minutos que esperaria para que as palavras de
adeus fossem ditas. Não queria, mas era inevitável. Fechou os olhos e esperou.
Finalmente, ela
havia chegado à sua cerca. Ela parou, encarou o homem que sabia que a esperava,
olhou para a árvore que balançava com o vento, para as folhas no chão. Ficou
ali por alguns segundos, ou minutos, como alguém que está tendo ótimas lembranças. Deu os
próximos passos e chegou à varanda onde estava o homem. Uma cadeira ao lado
dele a esperava.
- Boa tarde – disse a mulher que acabara de chegar.
- Boa tarde- respondeu.
- Então, hoje é o dia, vim me despedir de ti.
- Sei disso, é realmente uma pena.
- Sei que sabes o porquê de estar partindo, então, não me explicarei.
- Sim, perseguirás teus sonhos, compreendo perfeitamente.
Ali passaram uma
hora conversando, ela falou de suas ambições, explicou seus sonhos, o motivo de
estar partindo, contrariando completamente o que acabara de falar. Achava que
ele não sabia de tudo, pensava que sabia de verdades quebradas. O homem a ouvia
atentamente, prestava atenção em todas as manias com as quais conviveu por
muito tempo. Como os braços se mexiam enquanto falava, as piscadas mais longas
dos olhos, a mão no cabelo e coisas assim. Atenção a todos os detalhes.
- Espero não te magoar por estar partindo.
- Não te preocupes, ficarei bem, não afirmo que ficarei como a melhor
pessoa deste mundo, mas, como já disse, te compreendo perfeitamente.
- Peço perdão pelas feridas, mesmo que sejam pequenas. Meu sonho
parece ser tão real, não há como ficar aqui e não o perseguir.
- Apenas siga o que tiveres vontade de seguir. Agora, dê-me um abraço
e vá.
Abraçaram-se e,
naquele momento a chuva já começava a cair, muito embora o sol ainda estivesse
ali, quase escondido, é verdade, mas sua luz ainda era visível. Um abraço era
realmente tudo o que queria naquele momento. Os olhos daquele homem se fecharam
e não se sabe a força do desejo dele para que aquilo fosse eterno.
Os corpos se
separaram do abraço, a mulher abriu seu guarda-chuva e preparou-se parar ir
- Espero que fique feliz.
O homem,
debruçado no balcão, observou os passos da mulher no jardim, a árvore e as
folhas molhadas e a distância entre os dois que só aumentava. Compreendera que
ela estava atrás de tudo o que sonhava, mas lamentava por ver o vento e a chuva
levarem o seu maior sonho. “Espero que fique feliz”. As últimas palavras do
sonho que sumiria em breve, e como queria ficar feliz. Era uma pena, mas teria de achar a
felicidade vivendo num poço de tristezas.
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